Escrito por Larissa A. da Costa Camapum
Acadêmica de Medicina e Associada da AAC
Para abordagem inicial desse tema, vale ressaltar alguns conceitos, como:
- Colapso cardiovascular é a perda súbita de fluxo sanguíneo eficaz, causada por fatores cardíacos ou vasculares periféricos que podem reverter espontaneamente (como a síncope) ou apenas com intervenções (como a paradacardíaca).
- Parada cardiopulmonar (cardíaca) é a ausência de atividade mecânica do coração, confirmada pela ausência de pulso detectável, irresponsividade e apneia ou respiração agônica, ofegante.
- Morte súbita cardíaca (MSC) é a morte natural de causa cardíaca, precedida por perda abrupta da consciência no período de uma hora a partir do início de mudança aguda no sistema cardiovascular. É, com frequência, o primeiro e único sintoma de doença cardíaca (AEHLERT, 2013).
Dados brasileiros obtidos pelo DataSUS mostram que 35% das mortes no Brasil são por causas cardiovasculares, resultando em 300 mil casos anuais. Nenhuma situação clínica supera a prioridade de atendimento da parada cardiorrespiratória (PCR), na qual a rapidez e a eficácia das intervenções adotadas são cruciais para um melhor resultado do atendimento (MARTINS et al., 2015).
A PCR permanece como um problema mundial de saúde pública. Estima-se que a maioria daquelas em ambiente extrahospitalar sejam em decorrências de ritmos como fibrilação ventricular (56 a 74%) e taquicardia venticular sem pulso, enquanto que, em ambiente hospitalar, a atividade elétrica sem pulso e a assistoloia respondam pela maioria dos casos. A maior parte ocorre em adultos, mas crianças também são afetadas, com atenção para o ambiente hospitalar (I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013).
O sucesso da ressuscitação está intrinsecamente relacionado a uma desfibrilação precoce, ideal, dentro dos primeiros 3 a 5 minutos após o colapso. A cada minuto transcorrido do início do evento arrítmico súbito sem desfibrilação, as chances de sobrevivência diminuem em 7 a 10%. Com a RCP, essa redução é mais gradual, entre 3 e 4% por minuto de PCR. A RCP depende também da realização de uma sequência de procedimentos que pode ser sistematizada no conceito de corrente de sobrevivência (I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013).
A Corrente de Sobrevivência representa a sequência ideal de eventos que deveria ser instituída imediatamente após o reconhecimento do curso de moléstia cardíaca súbita (AEHLERT, 2013). A cadeia é constituída por cinco passos principais (MARTINS et al., 2015):
- Reconhecimento imediato da parada cardíaca e o desencadeamento do sistema de emergência (chamar por ajuda).
- Aplicação das manobras de ressuscitação cardiopulmonar (RCP) com ênfase nas
- compressões de alta qualidade.
- Rápida desfibrilação.
- Medidas eficazes de suporte avançado de vida.
- Cuidados organizados e integrados pós-parada (Figura 1).
Em uma situação de PCR, um mnemônico pode ser utilizado para descrever os passos simplificados do atendimento em Suporte Básico de Vida (SBV): o “CABD primário” (I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia, 2013).
Passos a serem executados de acordo com a I Diretriz de Ressuscitação Cardiopulmonar e Cuidados Cardiovasculares de Emergência da Sociedade Brasileira de Cardiologia (2013).
1 – SEGURANÇA DO LOCAL
Certifique se o local é seguro para você e para a vítima. Caso o local não seja seguro (um prédio com risco de desmoronamento, uma via de trânsito), torne o local seguro (parando ou desviando o trânsito) ou remova a vítima para um local seguro. Se o local estiver seguro, prossiga o atendimento.
2 – AVALIE A RESPONSIVIDADE E RESPIRAÇÃO DA VÍTIMA
Avalie a responsividade da vítima chamando-a e tocando-a pelos ombros. Se a vítima responder, apresente-se e converse com ela perguntando se precisa de ajuda. Se a vítima não responder, avalie sua respiração, observando se há elevação do tórax em menos de 10 segundos. Caso a vítima tenha respiração, fique ao seu lado e aguarde para ver sua evolução, caso seja necessário, chame ajuda. Se a vítima não estiver respirando ou estiver somente com “gasping”, chame ajuda imediatamente.
3 – CHAME AJUDA
Em ambiente extra-hospitalar, ligue para o número local de emergência (SAMU 192) e, se um DEA estiver disponível no local, vá buscá-lo. Se não estiver sozinho, peça para uma pessoa ligar e conseguir um DEA, enquanto continua o atendimento à vítima. É importante designar pessoas para que sejam responsáveis em realizar essas funções. A pessoa que ligar para o Serviço Médico de Emergência deve estar preparada para responder às perguntas como a localização do incidente, as condições da vítima, o tipo de primeiros socorros que está sendo realizado, etc. Nos casos de PCR por hipóxia (afogamento, trauma, overdose de drogas e para todas as crianças), o socorrista deverá realizar cinco ciclos de RCP e, depois, chamar ajuda, se estiver sozinho.
4 – CHEQUE O PULSO
Cheque o pulso carotídeo da vítima em menos de 10 segundos. Caso a vítima apresente pulso, aplique uma ventilação a cada 5 a 6 segundos, mantendo uma frequência de 10 a 12 ventilações por minuto, e cheque o pulso a cada dois minutos. Se não detectar pulso na vítima ou estiver em dúvida, inicie os ciclos de compressões e ventilações.
5 – CICLO - 30 COMPRESSÕES : 2 VENTILAÇÕES
Inicie ciclos de 30 compressões e 2 ventilações, considerando que existe um dispositivo de barreira (por exemplo, máscara de bolso para aplicar as ventilações). Compressões torácicas efetivas são essenciais para promover o fluxo de sangue, devendo ser realizadas em todos pacientes em parada cardíaca.
6 – DESFIBRILAÇÃO
Assim que o DEA estiver disponível, se o mesmo estiver sozinho, deverá parar a RCP para conectar o aparelho, porém, se houver mais do que um socorrista, enquanto o primeiro realiza RCP; o outro manuseia o DEA. O tempo ideal para a aplicação do primeiro choque compreende os primeiros 3 a 5 minutos da PCR. Mesmo se a vítima retomar a consciência, o aparelho não deve ser desligado e as pás não devem ser removidas ou desconectadas até que o SME assuma o caso.
7 – APÓS ESTABILIZAÇÃO DA VÍTIMA
Se não houver suspeita de trauma e a vítima já apresentar respiração normal e pulso, o socorrista poderá colocá-la em posição de recuperação, porém deverá permanecer no local até que o SME chegue.
O blog “AAC - Cheers” brinda pela sua saúde e visita!
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