quarta-feira, 19 de julho de 2017

Hipertensão Arterial - Como prevenir e controlar




Escrito por Fernanda Almeida Andrade
Acadêmica de Medicina e Associada da AAC





A Hipertensão Arterial (HA) afeta aproximadamente um terço dos indivíduos em todo o mundo e, por essa razão, se constitui em um dos mais importantes fatores de risco para as doenças cardiovasculares, e suas altas taxas de morbimortalidade.




A elevação da pressão arterial pode ser um sinal de manifestação de doença específica na HA Secundária, que responde por 5% dos casos; ou, um sinal de um conjunto de fatores compromete o sistema cardiovascular na HA Primária (Idiopática), que corresponde pelos demais 95% dos casos. Nesses casos, sua manifestação e severidade são influenciadas por fatores como quantidade de sal na dieta, padrão de atividade física, controle do peso corporal, tabagismo e co-morbidades, como o diabetes mellitus e etc. Assim, a abordagem dessa condição exige ações de promoção à saúde, prevenção de agravos e cuidado do estado clínico.



O tratamento é à base de medicamentos controladores – anti-hipertensivos, associado à adoção de hábitos saudáveis. Esse controle da pressão arterial evita as complicações em curto e longo prazo, p.ex., infarto miocárido, AVC e lesão renal. Apesar de ser uma disfunção genética, a hipertensão pode ser gerada por hábitos de vida inadequados, como a ingestão excessiva de sal ou de bebida alcoólica, além da obesidade e do sedentarismo. Na maioria das vezes, não apresenta sintomas e apenas com o controle da pressão arterial (PA) é possível atestar sua a incidência, por isto é conhecida como “mal silencioso”.







Faz-se a prevenção primária visando preceder o surgimento da doença, ou seja, atua-se sobre os fatores de risco de forma a impedir ou retardar o seu desenvolvimento. Essas ações incluem, entre outras, medidas gerais de promoção de saúde, tais como campanhas educacionais, recomendações e intervenções (estratégias populacionais) ou medidas de proteção específica, como imunizações e profilaxia medicamentosa, voltadas para populações com maior risco de desenvolver a doença (estratégia para indivíduos selecionados).

A primeira forma de prevenção é fazer o acompanhamento dos índices da PA, principalmente se pais, avós ou outros parentes próximos também tenham hipertensão.

As principais medidas não medicamentosas seguem abaixo:


 


Dicas para uma vida mais saudável: 

  • Pratique exercícios físicos: simples caminhada de 20-50 minutos, três a cinco vezes por semana;
  • Evite alimentos muito gordurosos, frituras, doces e muito salgados;
  • Evite ingerir bebidas alcoólicas;
  • Pare de fumar;
  • Evite o estresse físico e emocional;
  • Não interrompa o tratamento com remédios, sem a orientação médica.



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sábado, 15 de julho de 2017

A atuação do cardiologista além do coração.



Escrito por Lívia Liberata Barbosa Bandeira
Acadêmica de Medicina e Coordenadora Multidisciplinar da AAC




A cardiologia é considerada a especialidade de maior abrangência clínica entre as demais, sendo o profissional cardiologista muitas vezes considerado “médico de uma família”, atravessando gerações de dedicação, trabalho e reconhecimento. 

Muito além da própria complexidade do órgão coração e os seus agregados, a cardiologia atua na área de prevenção, cura e reabilitação de um indivíduo. Nesse processo, verifica-se a grande influência da atividade cardíaca no corpo humano, com o seu bom ou mau funcionamento irradiado a outros órgãos por completo, além de ser atingido também por alterações no próprio organismo. Tais alterações podem ser caracterizadas como a instalação de viroses, bactérias, protozoários, alterações no sistema nervoso, tumores, entre outros.

Quando o paciente já está encaminhado para a cardiologia, o conhecimento por drogas com interações terapêuticas, efeitos colaterais sistêmicos, exames de imagem e seus detalhes em órgãos interligados, conhecimento acerca do contexto social e financeiro gerarão um tratamento de cunho individual e personalizado.


Sabe-se também que, a detenção da diversidade desses conhecimentos tem um limite de atuação, o qual caracterizará o encaminhamento para a especialidade de maior proximidade do contexto do paciente. Todavia, muitas vezes, condições das mais diversas etiologias se iniciam no consultório cardiológico, sendo o próprio profissional responsável por um pré diagnóstico prévio que gerará o correto e fundamental encaminhamento a fim de se aproveitar melhor o tempo de evolução para iniciar a terapêutica correta.

Dessa forma, exige-se de um bom cardiologista o conhecimento do contexto médico e humano em sua totalidade, já que desde uma sintomatologia psiquiátrica até uma infecção pelo vírus da imunodeficiência podem ter uma projeção cardíaca notável e que requere uma abordagem diferencial. 

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terça-feira, 4 de julho de 2017

Principais classes de medicamentos em cardiologia e suas aplicações




Escrito por Alice Quental Brasil
Acadêmica de Medicina e Associada da AAC





Tendo em vista a diversidade de drogas utilizadas em cardiologia, foram listados os principais e mais utilizados medicamentos nessa área e suas principais utilidades.

1. Bloqueadores beta-adrenérgicos:


Inibem as respostas crono e inotrópicas no sistema cardiovascular, além de inibirem a vasoconstrição à ação da epinefrina e norepinefrina. Possuem indicação formal para uso em pacientes hipertensos com cardiopatias associadas, além de serem úteis em pacientes com síndrome de cefaléia de origem vascular (enxaqueca) e na ICSistólica classe II-IV e doença isquêmica do miocárdio. Eles podem ser distintos em três categorias de acordo com a sua seletividade, a saber: não seletivos (propranolol, nadolol e timolol), cardiosseletivos e com ação vasodilatadora (carvedilol, labetalol e nebivolol). Entre as reações indesejáveis dos betabloqueadores destacam-se: broncoespasmo, bradicardia excessiva (inferior a 50 bat/min), distúrbios da condução atrioventricular, depressão miocárdica, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual. Por isso, os betabloqueadores são formalmente contraindicados em pacientes com asma, doença pulmonar obstrutiva crônica e bloqueio atrioventricular de 2º e 3º graus.

2. Diuréticos:

Aliviam os sintomas na insuficiência cardíaca.

2.1. Diuréticos de Alça
Incluem a furosemida, bumetanida e torsemida. Seu mecanismo de ação é a inibição do simportador Na+-K+-2Cl- no ramo espesso ascendente da Alça de Henle. A furosemida venosa é a melhor droga para compensar um quadro de insuficiencia cardiaca congestiva.

2.2. Tiazídicos
Hidroclorotiazida e clortalidona, agindo no co-transportador Na+- Cl- no túbulo contorcido distal, possuem limitada ação como monoterapia nos pacientes com ICC avançada e exibem sinergia com os diuréticos de alça para pacientes com resistências aos diuréticos de alça.

2.3. Poupadores de potássio
Estão as drogas espironolactona e eplerenona. Essas drogas bloqueiam os efeitos da aldosterona, antagonistas dos receptores de mineralocorticoides e inibem o fluxo de Na+  através dos canais iônicos da membrana luminal. Em excesso, podem causar hipercalemia, acidose metabólica hipercloremica, ginecomastia, IRA e cálculos renais. O mecanismo anti-hipertensivo dos diuréticos está relacionado, numa primeira fase, à depleção de volume e, a seguir, à redução da resistência vascular periférica decorrente de mecanismos diversos. São eficazes como monoterapia no tratamento da hipertensão arterial, tendo sido comprovada sua eficácia na redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Como anti-hipertensivos, dá-se preferência aos diuréticos tiazídicos e similares. Diuréticos de alça são reservados para situações de hipertensão associada a insuficiências renal e cardíaca. Entre os efeitos indesejáveis dos diuréticos, ressalta-se fundamentalmente a hipopotassemia, por vezes acompanhada de hipomagnesemia (que pode induzir arritmias ventriculares), e a hiperuricemia. É ainda relevante o fato de os diuréticos poderem provocar intolerância à glicose. Podem também promover aumento dos níveis séricos de triglicerídeos, em geral dependente da dose, transitório e de importância clínica ainda não comprovada. Em muitos casos, provocam disfunção sexual. Em geral, o aparecimento dos efeitos indesejáveis dos diuréticos está relacionado à dosagem utilizada.

3. Bloqueadores de Canal de Cálcio:


Afetam a entrada de cálcio na célula possuindo ação anti-hipertensiva decorrente da redução da resistência vascular periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas vasculares. São anti-hipertensivos eficazes e reduzem a morbidade e mortalidade cardiovasculares. Seu uso esta indicado em hipertensão em idosos e negros, independem da ingesta de sódio ou uso dos DAINEs, também reduzem o AVC, taquiarritmias, anginas. São considerados drogas de primeira linha. Dentre os efeitos adversos, os principais são: tontura, cefaleia pulsátil, rubor facial, edema de extremidades (maleolar mais comum), hipertrofia gengival (raro), depressão miocárdica e BAV, Isquemia miocárdica, constipação (Verapamil). A ação anti-hipertensiva dos antagonistas dos canais de cálcio decorre da redução da resistência vascular periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares lisas vasculares. Não obstante o mecanismo final comum, esse grupo de anti-hipertensivos é dividido em quatro subgrupos, com características químicas e farmacológicas diferentes: fenilalquilaminas (verapamil), benzotiazepinas (diltiazem), diidropiridinas (nifedipina, isradipina, nitrendipina, felodipina, amlodipina, nisoldipina, lacidipina) e antagonistas do canal T (mibefradil). São medicamentos eficazes como monoterapia, e a nitrendipina mostrou-se também eficiente na redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares em idosos com hipertensão sistólica isolada. No tratamento da hipertensão arterial, deve-se dar preferência ao uso dos antagonistas dos canais de cálcio de longa duração de ação (intrínseca ou por formulação galênica), não sendo recomendada a utilização de antagonistas dos canais de cálcio de curta duração de ação.

4. Inibidores da Enzima Conversora de Angiotensina:


O mecanismo de ação dessas substâncias é fundamentalmente dependente da inibição da enzima conversora, bloqueando, assim, a transformação da angiotensina I em II no sangue e nos tecidos. São eficazes como monoterapia no tratamento da hipertensão arterial. Também reduzem a morbidade e a mortalidade de pacientes hipertensos com insuficiência cardíaca, e de pacientes com infarto agudo do miocárdio, especialmente daqueles com baixa fração de ejeção. Quando administrados a longo prazo, os inibidores da ECA retardam o declínio da função renal em pacientes com nefropatia diabética e de outras etiologias. Entre os efeitos indesejáveis, destacam-se tosse seca, alteração do paladar e reações de hipersensibilidade (erupção cutânea, edema angioneurótico). Em indivíduos com insuficiência renal crônica, podem induzir hiperpotassemia. Em pacientes com hipertensão renovascular bilateral ou com rim único, podem promover redução da filtração glomerular com aumento dos níveis séricos de uréia e creatinina. Em associação com diurético, a ação anti-hipertensiva dos inibidores da ECA é magnificada, podendo ocorrer hipotensão postural. Seu uso é contraindicado na gravidez. Em adolescentes e mulheres jovens em idade fértil e que não façam uso de método anticoncepcional medicamente aceitável, o emprego dos inibidores da ECA deve ser cauteloso devido ao risco de malformações fetais. O principal representante dessa classe é o captopril, droga de primeira linha que tem rápida absorção VO. Entre os outros medicamentos, ressalta-se: Enalapril, Lisinopril, Zestril, Fosinopril, Ramipril, Cilazapril.

5. Anticoagulantes Orais:


Incluem a heparina de baixo peso molecular (enoxaparina sódica) e a heparina não fracionada. Ambas inibem o fator Xa da coagulação, além de que a HNF inibe diretamente, também, a trombina. As indicações para a HPBM são tratamento e profilaxia de doença venosa tromboembólica em ambiente perioperatorio e clinico e síndromes coronarianas agudas.

6. Antiarrítmicos:

6.1. Quinidina
Indicação para flutter atrial, fibrilação atrial, taquicardia atrial. Sua utilização principal é o bloqueio do canal de sódio, reduzindo a frequência cardíaca, prolongamento na condução nodal AV. Os efeitos colaterais mais comuns são os digestivos, como náuseas, vômitos, anorexia e diarreia.

6.2. Procaínamida
Eficaz para tratamento de taquicardia e fibrilação atrial e taquicardia ventricular. Ela é capaz de suprimir tanto a condução anterógrada quanto retrograda sobre tratos anômalos AV. sintomas gastrintestinais são muito comuns como efeitos adversos, além da síndrome “lúpus-like”.

7. Antiplaquetários:


7.1. AAS
Anti-inflamatório não esteroide inibidor da COX-2 com indicações para redução de risco de mortalidade em suspeita ou antecedentes de IAM, redução do risco do primeiro infarto do miocárdio em pacientes com fatores de risco cardiovasculares, redução do risco de morbimortalidade em pacientes com angina estável ou instável. Os efeitos colaterais correspondem a distúrbios TGI, hemorragias GI e insuficiência renal. É contraindicado no ultimo trimestre da gravidez, asma induzida por salicilatos, hipersensibilidade, etc.

7.2. Clopidogrel
Importante na redução de eventos ateroscleróticos, como AVC ou IAM. É contraindicado se gestante ou lactante e possui algumas reações adversas, como: prurido, dor, náusea e sangramento TGI, cefaleia, sincope e tontura.

8. Vasodilatadores
Correspondem ao nitroprussiato de sódio (ação mista), nitroglicerina (venodilatador) e hidralazina (arteriodilatador). Sua indicaçao é para hipertensão pré-operatória, controle da ICC, IAM, angina refrataria à nitroglicerina SL. Além de reações alérgicas, os vasodilatadores podem induzir a outros efeitos adversos, como cefaleia, tonturas, sincopes.

9. Hipolipemiantes


9.1. Estatinas
As estatinas são uma classe de agentes hipolipemiantes que inibem a enzima que catalisa um passo limitante da velocidade na produção de colesterol. O tratamento com estatinas leva a redução nos níveis séricos de colesterol total, LDL-C, e triglicerídeos, sendo, pois, importantes na prevenção primária da doença cardiovascular aterosclerótica para adultos de 40 a 75 anos. Essa classe de drogas tem varias atuações no sistema, dentre as quais, as principais são: propriedades antiinflamatórias, ações imunomoduladoras, efeito antitrombogênico, melhora da disfunção endotelial. Podem ser lipofílicas (sinvastatina, atorvastatina para uso pediátrico) ou hidrofílicas (pravastatina       para uso pediátrico, rosuvastatina para escolha em HIV+, são mais hepatosseletivas).


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