segunda-feira, 27 de março de 2017

Olá! Bem-vindos ao blog AAC - Cheers! 
Hello! Welcome to AAC - Cheers!

Sou Rômulo Nascimento Mundin, acadêmico da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP) e membro da Associação Acadêmicas de Cardiologia (AAC). Dessa vez, o tema a ser abordado é "Depressão e Cardiopatia no sexo feminino".
I'm Rômulo Nascimento Mundin, medical student at Federal University of Ouro Preto (UFOP) and  member of AAC. This time, the topic to be addressed is "Depression and Cardiopathy in women".



A depressão é uma síndrome com elevados índices de prevalência na população mundial. Em populações clínicas, a incidência é ainda maior, cerca de 5% a 10% nos pacientes ambulatoriais e 9% a 16% em pacientes internados, como os cardiopatas. 
Depression is a syndrome with high prevalence rates in the world population. In  clinical populations the incidence is even bigger, about 5 to 19% in outpatients and 9 to 16% in inpatients, like the cardiopaths.

Em mulheres, tem sido avaliada, em muitos estudos epidemiológicos, como sendo aproximadamente duas vezes mais prevalentes que em homens. Mas por quê? 
In women, it has been evaluated in many epidemiological studies as being approximately twice as prevalent as in men. But why? 

Em questões biológicas, pesquisadores encontraram maior probabilidade de episódios depressivos em fases, como gestação, puerpério, climatério, bem como acredita-se que o ciclo menstrual possa estar diretamente ligado a sintomatologia depressiva. Essas são fases que ocorrem depleção ou flutuação do estrogênio, um hormônio sexual feminino. Diferentemente dos hormônios masculinos, este hormônio não é liberado de forma estável e constante ao longo do tempo, mas sua liberação pelos ovários ocorre de forma crescente até a metade do ciclo menstrual, para a partir daí diminuir, chegando a níveis baixos nos dias que antecedem a menstruação. A tristeza pós-parto (blues), por exemplo, atinge entre 26% e 85% das parturientes e a depressão maior pós-parto chega a 15% no estudo de Steiner et al, feito em  2003.
In biological issues, researchers detected higher probability of depressive episodes in phases like gestation, puerperium and climacteric as well as the fact that menstrual cycle may be directly related to depressive symptomatology. These are phases that occurs depletion or fluctuation of estrogen, a female sex hormone. Otherwise than male hormones, estrogen is not released steadily over time; its release by ovaries occurs increasingly until half of the menstrual cycle, when it starts to decrease, reaching low levels in the days leading up to/that preceds menstruation. The postpartum sadness (the baby blues), for example, affects between 26% and 85% of parturient and a postpartum major depression reaches 15%  in the study of Steiner et al, made in 2003.




O estrogênio afeta o humor e a cognição, atuando em muitas estruturas nervosas, inclusive no sistema límbico, o qual está relacionado a emoções e sentimentos. Suas múltiplas ações no sistema nervoso central relacionam-se, dentre outras funções, com a modulação da produção e liberação de neurotransmissores. Já se argumentou que a ciclicidade na liberação de estrogênio, com grande flutuação de suas quantidades circulantes, típica do funcionamento da mulher entre a menarca e a menopausa, poderia ser mais importante que os níveis absolutos de hormônio circulante, enquanto causa da vulnerabilidade ao estresse e, indiretamente, à depressão. Aparentemente, o estrogênio favorece tanto a neurotransmissão serotoninérgica quanto a noradrenérgica, sendo ambos substratos neurais de ação dos antidepressivos.
Estrogen affects mood and cognition, acting on many nervous structures, including the limbic system, which is related to emotions and feelings. Its multiple actions in the central nervous system are related, among other functions, to the modulation of the production and release of neurotransmitters. It has been argued that the cyclicity in the estrogen release, with wide fluctuation of its circulating amounts, typical of the functioning of the woman between the menarche and the menopause, could be more important than the absolute levels of circulating hormone, as cause of the vulnerability to stress and, indirectly, to depression. Apparently, estrogen favors both serotonergic and noradrenergic neurotransmission, both of which are neural substrates for antidepressant drugs action.

Na área psicossocial, é sabido que, ao longo da história, a mulher frequentemente tem estado em posição de submissão em relação ao homem. Contudo, nas últimas décadas, vêm ocorrendo mudanças sociais em que ela é cada vez mais solicitada a contribuir financeiramente com o sustento da família, mas continua responsável por funções domésticas, ocorrendo uma sobrecarga de trabalho e de responsabilidades. Embora a mulher também possa obter benefícios dessas transformações, sua carga de estresse tende a ser maior. 
In the psychosocial area, it is known that, throughout history, women have often been in a position of submission to the man. However, in recent decades, social changes are occurring in which woman is increasingly being asked to contribute financially to the family's livelihood, but she is still responsible for domestic duties, with an overload of work and responsibilities. Although women can also benefit from these transformations, their stress load tends to be higher.



O estudo Lunsky et al., que comparou pessoas com incapacidade intelectiva de ambos os sexos, mostrou que as mulheres apresentam maiores escores de depressão que os homens; e ainda, as mulheres com sintomas depressivos mais acentuados tinham menos suporte social e mais situações de abuso do que mulheres que apresentavam escores mais baixos. Outro estudo mostrou que o abuso sexual na infância está associado à maior prevalência de depressão na vida adulta para ambos os sexos, entretanto esse tipo de violência ocorre mais frequentemente com mulheres. 
The Lunsky et al. study, which compared people with intellectual disability of both sexes, showed that women had higher depression scores than men; and yet women with more pronounced depressive symptoms had less social support and more abuse situations than women who had lower scores. Another study has shown that childhood sexual abuse is associated with a higher prevalence of adult-onset depression for both sexes; however, this type of violence occurs more frequently with women.

E qual a relação entre depressão e cardiopatia? Há relação de causa-consequência? São eventos independentes?
And what is the relation between depression and heart disease? Is there a cause-and-effect relationship? Are they independent events?

A depressão age como fator de risco para a doença coronariana e o infarto agudo do miocárdio. A presença de sintomas depressivos após um IAM está associada a maior reincidência de IAM, morte por doença cardíaca, internação prolongada e prejuízo funcional pós-infarto. 
Depression acts as a risk factor for coronary heart disease and acute myocardial infarction. The presence of depressive symptoms after AMI is associated with a greater recurrence of AMI, death due to cardiac disease, prolonged hospitalization and post-infarction functional impairment. 


A cardiopatia também pode atuar como fator de risco para depressão. É possível que o surgimento de quadros depressivos em pacientes com patologias cardíacas esteja relacionado a alterações cerebrais decorrentes da doença cardiovascular. Sujeitos com ICC apresentam diminuição da circulação sanguínea cerebral global e regional, envolvendo regiões límbicas e paralímbicas na depressão na IC. Além de anormalidades funcionais, a presença de depressão maior em sujeitos com doença cardiovascular foi associada a alterações estruturais observáveis por ressonância magnética e lesão de substância branca com aumento da frequência e gravidade dessas lesões.  A presença de tais alterações, envolvendo regiões cerebrais e afetando circuitos responsáveis pela regulação do humor, poderia facilitar a ocorrência de depressão maior em pacientes com doença cardiovascular.
Heart disease can also act as a risk factor for depression. It is possible that the emergence of depressive disorders in patients with cardiac diseases is related to brain changes due to cardiovascular disease. Subjects with congestive heart failure (CHF) have decreased global and regional cerebral blood flow, involving limbic and paralimbic regions in HF depression. In addition to functional abnormalities, the presence of major depression in individuals with cardiovascular disease was associated with structural alterations observable by magnetic resonance imaging and white matter lesion with increased frequency and severity of these lesions. The presence of such changes, involving brain regions and affecting circuits responsible for mood regulation, could facilitate the occurrence of major depression in patients with cardiovascular disease. 


E como a depressão se manifesta em cardiopatas?
And how does depression manifest itself in heart disease?

Primeiramente, deve-se esclarecer alguns pontos. A manifestação clínica da depressão de um cardiopata difere de um não cardiopata. A depressão pode anteceder a cardiopatia (atuando como fator de risco, diminuindo a adesão ao tratamento e piorando o prognóstico), mas também pode ocorrer devido à cardiopatia, tanto na parte da descoberta da morbidade, quanto nas intervenções cirúrgicas que possam ocorrer e nos efeitos deletérios da qualidade de vida, como capacidade de trabalho, liberdade, autonomia, capacidade sexual, qualidade do sono e convívio social. 
Firstly, a few points need to be clarified. The clinical manifestation of cardiac depression differs from that of a noncardiac patient. Depression may precede heart disease (acting as a risk factor, decreasing adherence to treatment and worsening prognosis), but may also occur due to heart disease, both in the discovery of morbidity, and in surgical interventions that may occur and in the effects of quality of life, such as work capacity, freedom, autonomy, sexual capacity, quality of sleep and social interaction.

A depressão derivada da cardiopatia está relacionada a perda ou possibilidade de perda. E ela se manifesta em diferentes formas, dependendo da doença cardíaca. 
Depression derived from heart disease is related to loss or possibility of loss. And it manifests itself in different forms depending on heart disease.

Em paciente coronariano, a angústia e a ansiedade parecem manifestar-se como uma competitividade exacerbada, uma necessidade constante de realizar coisas e sempre no menor prazo possível. Paciente busca mostrar utilidade e capacidade de ser prestativo, pois vê a doença cardíaca como fracasso. Em portadores de insuficiência coronariana ou após infarto agudo do miocárdio (pós-IAM), a prevalência de depressão maior varia de 17% a 27%, podendo ser ainda mais elevada se forem considerados transtornos depressivos subsindrômicos. 
In a coronary patient, anguish and anxiety seem to manifest as an exacerbated competitiveness, a constant need to accomplish things and always in the shortest possible time. Patient seeks to show utility and ability to be helpful, as he sees heart disease as failure. In patients with coronary insufficiency or after acute myocardial infarction (post-AMI), the prevalence of major depression ranges from 17% to 27%, and may be even higher if subsyndromic depressive disorders are considered.

Há diferenças também dos sintomas depressivos entre homens e mulheres com depressão, sendo as mulheres com queixas mais somáticas; e homens, mais cognitivas. O estudo realizado por Lestere Khalck et al em jovens ingleses de 18 a 23 anos mostrou que mulheres referem choro, autodepreciação, ideação suicida e alterações de peso mais que homens.
There are also differences in depressive symptoms among men and women with depression, with women with more somatic complaints; and men, more cognitive. The study by Lestere Khalck et al in young English aged 18 to 23 showed that women report crying, self-depreciation, suicidal ideation and weight changes more than men.

É importante reforçar que a depressão ainda é subdiagnosticada e, quando corretamente diagnosticada, é muitas vezes tratada de forma inadequada, com subdoses de medicamentos e manutenção de sintomas residuais, comprometendo ainda mais o prognóstico e a qualidade de vida dos cardiopatas.
It is important to emphasize that depression is still underdiagnosed and, when correctly diagnosed, is often treated inappropriately, with medication underdoses and maintenance of residual symptoms, further compromising the prognosis and quality of life of the cardiopaths.

E, por fim, como abordar paciente mulher depressiva e cardiopata?
And, finally, how to approach a depressive and cardiopath woman?

Em primeiro lugar, deve-se levar em conta à suscetibilidade de cada sexo. Como é do sexo feminino, deve-se investigar histórico biopsicossocial, uso de hormônios injetáveis ou orais, alterações hormonais da idade, peculiaridades de apresentação da depressão (sintomas somáticos) e perfil do cardiopata (funcional ou coronariano). 
First of all, doctors must take into consideration the susceptibility of each sex. As a female, biopsychosocial history, use of injectable or oral hormones, hormonal changes of age, peculiarities of presentation of depression (somatic symptoms) and cardiopath profile (functional or coronary) should be investigated.


Importante abordar de forma inclusiva, em que os sintomas depressivos devem ser contabilizados, independente de poderem ser explicados pela patologia clínica, como a fadiga e insônia na insuficiência cardíaca, que podem ser explicados pela doença clínica, mas devem ser contabilizados como sintomas depressivos. Essa abordagem gera mais diagnósticos falso-positivos, porém diminui o risco de não se diagnosticar um quadro depressivo oligossintomático, e, posteriormente, apequenar a vida do paciente. É basilar, portanto, sempre fazer um tratamento centrado na pessoa, e não na doença, o que pressupõe incorporar realidades sociais e diferenças biológicas de cada indivíduo.
It is important to approach in an inclusive way, in which depressive symptoms should be accounted for, regardless of whether they can be explained by clinical pathology, such as fatigue and insomnia in heart failure, which can be explained by clinical disease, but should be counted as depressive symptoms. This approach generates more false-positive diagnoses, but decreases the risk of not diagnosing an oligosymptomatic depressive condition, and subsequently, shortens the patient's life. It is, therefore, always to make a treatment centered on the person, not on the disease, which presupposes incorporating social realities and biological differences of each individual.

Na próxima semana, dia 03/04/2017, teremos a postagem da Ana Eloísa Novaes sobre "Como a mídia tem abordado o tema da depressão?".
Next week, 04/03/2017, we will have the post of Ana Eloísa Novaes about "How media has approached the subjects related to depression?".

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sábado, 18 de março de 2017

Olá! Bem-vindos ao blog AAC - Cheers! 
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Sou Patrícia Fraga Paiva, acadêmica do 4º ano de medicina na Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde – Suprema/Juiz de Fora e associada da AAC. Hoje vamos discutir “Obesidade, sedentarismo e diabetes: estão relacionados a um aumento dos índices de depressão?”.
I am Patrícia Fraga Paiva, a 4-year medical student at the Faculty of Medical Sciences and Health - Suprema/Juiz de Fora and associated member of AAC. Today we are going to discuss "Obesity, sedentarism and diabetes: are they related to an increase of the indices of depression?".

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) a depressão afeta mais de 350 milhões de pessoas e até o 2020 ela alcançará o segundo lugar no ranking de doenças mais incapacitantes. Trata-se de uma enfermidade complexa, de causas biológicas e ambientais, com associação direta a um maior risco de desenvolvimento de obesidade, doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, síndrome metabólica, epilepsia, AVC, demência de Alzheimer e neoplasias. Obesidade e depressão possuem estreita relação: estudos demonstram que indivíduos obesos são frequentemente deprimidos e aqueles que estão deprimidos, porém ainda não sofrem com a obesidade, têm maior chance em desenvolvê-la. Logo, quanto mais grave a depressão, piores são os hábitos alimentares e o percentual de gordura corporal será maior.
According to the World Health Organization (WHO), depression affects more than 350 million people and by 2020 it will reach second place in the ranking of more disabling diseases. Depression is a multifaceted condition with diverse biological and environmental causes and has been associated with a risk to develop obesity, cardiovascular diseases, diabetes type 2, metabolic syndrome epilepsy, stroke, Alzheimer’s dementia and cancer. Obesity and depression have a close relationship: studies show that obese people are often depressed and those who are depressed but not yet suffering from obesity are more likely to develop it. Therefore, the more severe the depression, the worse the eating habits and the higher the percentage of body fat.

A nutrição ativa hormônios, neurotransmissores e sinaliza vias no intestino que modulam funções cerebrais como apetite, sono, consumo de energia, neurogênese, mecanismos de recompensa, função cognitiva e humor. Estas alterações modulam novamente o comportamento alimentar e podem cronicamente resultar em distúrbios relacionados com o stress, distúrbios afetivos e demência, estabelecendo a conexão entre alta ingestão calórica e depressão. Alguns agentes relevantes conhecidos deste complexo sistema de interação são, por exemplo, a grelina, a leptina, o sistema endocanabinóide lipídico, a insulina, corticosteróides, colecistocinina (CCK), glutamato, glicose, insulina, GABA, péptideo liberador de gastrina. O excesso e desequilíbrio dessas substâncias estão diretamente relacionados à compulsão alimentar, que irá fomentar aos sintomas depressivos, alterações de humor, ataques de pânico e fobias.
Nutrition activates hormones, neurotransmitters and signals pathways in the gut that modulate brain functions such as appetite, sleep, energy consumption, neurogenesis, reward mechanisms, cognitive function and mood. These changes modulate eating behavior again and may chronically result in stress-related disorders, affective disorders and dementia, establishing the connection between high caloric intake and depression. Some relevant known agents of this complex interaction system are, for example, ghrelin, leptin, the endocannabinoid lipid system, insulin, corticosteroids, cholecystokinin (CCK), glutamate, glucose, insulin, GABA, gastrin-releasing peptide. The excess and imbalance of these substances are directly related to binge eating, which will encourage depressive symptoms, mood swings, panic attacks, and phobias.





O padrão dietético ocidental, associado ao excessivo consumo de alimentos de alto índice glicêmico, bebidas adoçadas, produtos alimentícios refinados, processados e industrializados, biscoitos estão associados a um maior risco de depressão, já que podem desequilibrar hormônios e neurotransmissores participantes do complexo sistema nervoso entérico, desencadeia uma cascata que altera a fisiologia do apetite, humor e sono. Por outro lado, uma dieta saudável, rica em fibras, frutas, legumes, vegetais, grãos integrais, azeite, peixe, castanhas, carne não processada tem sido associada inversamente ao risco de depressão. Indivíduos deprimidos que se propõem a adotar hábitos alimentares mais saudáveis obtém redução não só gordura corporal, mas também sintomas depressivos, ansiedade e aumento da dopamina e da serotonina. 
The Western dietary pattern associated with excessive consumption of high-glycemic foods, sweetened beverages, refined, processed and industrialized foods, biscuits are associated with a greater risk of depression, since they may unbalance hormones and neurotransmitters participating in the complex enteric nervous system , initiate a cascade that alters the physiology of appetite, mood, and sleep. On the other hand, a healthy diet rich in fiber, fruits, vegetables, whole grains, olive oil, fish, nuts, unprocessed meat has been inversely associated with the risk of depression. Depressed individuals who propose to adopt healthier eating habits get reduction not only body fat, but also depressive symptoms, anxiety and increase of dopamine and serotonin.





Neste contexto, as intervenções dietéticas e de estilo de vida podem ser uma estratégia de prevenção e tratamento desejável, eficaz, pragmática e não estigmatizante para a depressão. Aliado às mudanças alimentares, medicamentos para o tratamento de depressão, distúrbios metabólicos, dislipidemia, diabetes devem ser associados em casos graves, além da prática regular de exercício físico aeróbico, atividade que também contribuirá para alcançar um estilo de vida mais saudável. 
In this context, dietary and lifestyle interventions may be a desirable, effective, pragmatic and non-stigmatizing prevention and treatment strategy for depression. Combined with dietary changes, medications for the treatment of depression, metabolic disorders, dyslipidemia, diabetes should be associated in severe cases, in addition to regular practice of aerobic exercise, an activity that will also contribute to achieving a healthier lifestyle.




Na próxima semana, dia 20/03/2017, teremos a postagem de Rômulo Nascimento Mundin sobre “Depressão e cardiopatias no sexo feminino”.
Next week, 03/20/2017, we will have the post of Rômulo Nascimento Mundin about "Depression and heart disease in women”.

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terça-feira, 7 de março de 2017

Olá! Bem-vindos ao blog AAC - Cheers! 
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Sou Iohana Melo Teixeira, acadêmica de medicina na Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e associada da AAC. Hoje vim discutir um pouco sobre “A depressão no contexto da emergência hospitalar”.
I’m Iohana Melo Teixeira, medical student at the University of Fortaleza - UNIFOR and associated member of AAC - Academic Association of Cardiology. Today, we will discuss a little about "Depression in the emergency department”.

A verdade é que esse tópico poderia ser abordado de diferentes ângulos: depressão do profissional da saúde dentro da emergência, depressão decorrente da admissão à emergência hospitalar ou mesmo depressão dentro de uma emergência psiquiátrica. Aliás, nos serviços de emergência dos hospitais gerais, observa-se que cerca de 12% dos pacientes apresentam queixas derivadas de sintomas de um transtorno mental e do comportamento. Talvez muitos de nós tenhamos facilidade em montar a imagem de um serviço geral de emergência, mas o que você sabe sobre a emergência psiquiátrica? Esse será nosso ponto inicial da discussão de hoje.
The truth is that this topic could be approached from different angles: depression of the health professional within the emergency, depression due to admission to the hospital emergency or even depression within a psychiatric emergency. Moreover, in emergency services of general hospitals, it is observed that about 12% of patients present complaints derived from symptoms of a mental disorder and behavior. Perhaps many of us can easily imagine the picture of a general emergency service, but what do you know about the psychiatric emergency? This will be our starting point for today's discussion.




Primeiro a definição: “emergência psiquiátrica é qualquer situação de natureza psiquiátrica em que existe um risco significativo (de morte ou dano grave) para o paciente ou para terceiros, demandando uma intervenção terapêutica imediata” (QUEVEDO, 2014).
First the definition: "psychiatric emergency is any situation of psychiatric nature in which there is a significant risk (of death or serious injury) to the patient or to third parties, demanding immediate therapeutic intervention" (QUEVEDO, 2014).

Nesse contexto, quem procura mais o serviço? Há uma mudança epidemiológica com o passar do tempo e claro considerando a região analisada: Warner e Peadbody (1995) acreditam que os que mais procuram são os transtornos depressivos, transtornos afetivos bipolares e transtornos relacionados ao abuso de substâncias psicoativas. Entretanto, Seguel e col. (1993) afirmam que a maior parte da demanda no serviço de emergência psiquiátrica consiste em distúrbios de ansiedade (57,6%). Em 2000, um estudo com pacientes atendidos no Serviço de Emergências Psiquiátricas de Ribeirão Preto revela que o episódio depressivo contribui com apenas 10,9% das procuras na emergência psiquiátrica. Já na emergência do Hospital Universitário de Santa Maria (SEP/HUSM), de 2010 a 2011, os diagnósticos mais comuns foram os transtornos de humor (39,6%), sendo 17% Transtorno Depressivo.
In this context, who seeks more the service? There is an epidemiological change over time and considering the region analyzed: Warner and Peadbody (1995) believe that those who seek more are depressive disorders, bipolar affective disorders and psychoactive substance abuse disorders. However, Seguel et al. (1993) state that most of the demand in the psychiatric emergency service consists of anxiety disorders (57.6%). In 2000, a study with patients attended at the Psychiatric Emergency Service of Ribeirão Preto reveals that the depressive episode contributes only by 10.9% of the searches in the psychiatric emergency. Already in the emergency of the University Hospital of Santa Maria (SEP / HUSM), from 2010 to 2011, the most common diagnoses were mood disorders (39.6%), 17% being Depressive Disorder.

E o que leva um paciente a procurar a emergência psiquiátrica? Agitação psicomotora ou comportamento agressivo (23,9%), tentativa ou ideação suicida (15,7%) e ainda o desejo de tratamento ou internação (10,8%). Dentre estes, quando lidamos com pacientes portadores de Transtorno Depressivo, “tentativa ou ideação suicida” lidera a queixa principal no serviço de emergência, sendo também um forte critério para internação hospitalar. Inclusive, o diagnóstico de transtorno do humor, dentro do qual se insere o Transtorno Depressivo, pode ser feito entre 20,8% e 35,8% dos suicídios fatais.
And what takes a patient to look for help in the psychiatric emergency? Psychomotor agitation or aggressive behavior (23,9%), suicide attempt or ideation (15,7%) and also the wish of treatment or hospitalization (10,8%). Between those, when we deal with patients with Depressive Disorder, suicide attempt or ideation” is the leading cause for going to the emergency department, being also being a strong criteria for hospitalization. Moreover, the diagnosis of mood disorder, in which is Depressive Disorder, can be made between 20,8% and 35,8% of fatal suicides.



Na admissão da emergência, podemos lidar com um alguém após tentativa de suicídio, agora fragilizado e em franca depressão, ou mesmo com familiares preocupados com a situação mental na qual se encontra o paciente que deseja morrer. Além do sofrimento pessoal, encontramos necessidades frustradas ou não satisfeitas, sentimentos de desesperança, desamparo e impotência, um estresse insuportável, um estreitamento nas opções percebidas pelo paciente e um desejo de fuga. Entender o contexto do seu paciente ao adentrar na emergência é o primeiro passo para ajudá-lo.
At the admission of emergency, we can deal with someone after suicide attempt, now weakened and in frank depression, or even with family members concerned about the mental situation in which the patient wishes to die. In addition to personal suffering, we find frustrated or unsatisfied needs, feelings of hopelessness, helplessness, unbearable stress, a narrowing in the options perceived by the patient, and a desire for escape. Understanding the context of your patient when entering the emergency room is the first step to help them.

E sobre o suicídio? O último registro da OMS de 2014 revela, no Brasil, uma equivalência em idade, mas uma proporção maior de homens que cometem suicídio, enquanto mulheres lideram as tentativas de suicídio.
What about suicide? The last WHO registry in 2014 reveals an equivalence in age in Brazil, but a greater proportion of men who commit suicide, while women lead suicide attempts.


E o que fazer diante de uma “ideação suicida”? Nós precisamos quebrar o “tabu” de falar sobre morte e sempre abordar o paciente acerca de seus pensamentos suicidas. Ele tem o desejo de morrer? Já planejou como fazê-lo? Tem data? Quanto mais detalhado e bem elaborado for o plano, mais grave é o paciente. Às vezes o paciente ainda está na ambivalência e esse é o melhor momento do profissional agir para ressaltar a vontade de viver.
And what to do in case of a "suicidal thoughts"? We need to break the "taboo" of talking about death and always approach the patient about his suicidal thoughts. Does he have the desire to die? Have they planned how to do it? Do they have a date? The more detailed and well-designed the plan is, the more serious the patient is. Sometimes the patient is still in ambivalence and this is the best moment for the professional to act to emphasize the will to live.

Ou será que estou diante de uma “tentativa de suicídio”? Nesse caso, se deve explorar as razões que o levaram a tal desfecho, se foi a primeira tentativa (o maior fator de risco para suicídio é tentativas anteriores), se foi algo guiado por impulso ou planejado, se possui algum distúrbio mental e se está sendo tratado, mas principalmente se possui apoio familiar. Sempre se deve avaliar transtorno bipolar antes de iniciar tratamento com antidepressivo e provocar uma “virada maníaca” que novamente colocará sua vida em risco. A maneira de tentar reverter este quadro envolve reduzir a dor psicológica modificando o ambiente estressante, construir um apoio realista (reconhecendo que o paciente pode ter uma queixa legítima), e oferecer alternativas para o suicídio. Às vezes é necessária a internação do paciente em unidade psiquiátrica até estabilização do quadro, exceto quando a família puder manter apoio, vigilância, esconder objetos pérfuro-cortantes, cordas e remédios o acompanhamento pode ser feito ambulatorialmente.
Or am I facing a "suicide attempt"? Ask if this is the first attempt (the greatest risk factor for suicide is past attempts), whether it was something driven or planned, if they have any mental disorder and they are being treated, but especially if they have family support. You should always evaluate bipolar disorder before starting antidepressant treatment and cause a “switching” that will again put their lives at risk. Reversing this picture involves reducing psychological pain by modifying the stressful environment, building realistic support (recognizing that the patient may have a legitimate complaint), and offering alternatives to suicide. Sometimes the patient is hospitalized in a psychiatric unit until stabilization of the picture, except when the family can maintain support, vigilance, hiding sharp objects, ropes and medication, the follow-up can be done in an outpatient setting.

Por fim, nunca esqueça que um paciente em depressão que lhe procura na emergência precisa principalmente de alguém que o escute, e não de um benzodiazepínico.
Lastly, never forget that a depressed patient who is looking for you in the emergency primarily needs to be listen, not a benzodiazepine.

Na próxima semana, dia 13/03/2017, teremos a postagem de Patrícia Fraga Paiva sobre “Obesidade, sedentarismo e diabetes: estão relacionados a um aumento dos índices de depressão?”
Next week, 03/13/2017, we will have the post of Patrícia Fraga Paiva about "Obesity, sedentarism and diabetes: are they related to an increase of the indices of depression?".

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