terça-feira, 7 de março de 2017

Olá! Bem-vindos ao blog AAC - Cheers! 
Hello! Welcome to AAC - Cheers!

Sou Iohana Melo Teixeira, acadêmica de medicina na Universidade de Fortaleza (UNIFOR) e associada da AAC. Hoje vim discutir um pouco sobre “A depressão no contexto da emergência hospitalar”.
I’m Iohana Melo Teixeira, medical student at the University of Fortaleza - UNIFOR and associated member of AAC - Academic Association of Cardiology. Today, we will discuss a little about "Depression in the emergency department”.

A verdade é que esse tópico poderia ser abordado de diferentes ângulos: depressão do profissional da saúde dentro da emergência, depressão decorrente da admissão à emergência hospitalar ou mesmo depressão dentro de uma emergência psiquiátrica. Aliás, nos serviços de emergência dos hospitais gerais, observa-se que cerca de 12% dos pacientes apresentam queixas derivadas de sintomas de um transtorno mental e do comportamento. Talvez muitos de nós tenhamos facilidade em montar a imagem de um serviço geral de emergência, mas o que você sabe sobre a emergência psiquiátrica? Esse será nosso ponto inicial da discussão de hoje.
The truth is that this topic could be approached from different angles: depression of the health professional within the emergency, depression due to admission to the hospital emergency or even depression within a psychiatric emergency. Moreover, in emergency services of general hospitals, it is observed that about 12% of patients present complaints derived from symptoms of a mental disorder and behavior. Perhaps many of us can easily imagine the picture of a general emergency service, but what do you know about the psychiatric emergency? This will be our starting point for today's discussion.




Primeiro a definição: “emergência psiquiátrica é qualquer situação de natureza psiquiátrica em que existe um risco significativo (de morte ou dano grave) para o paciente ou para terceiros, demandando uma intervenção terapêutica imediata” (QUEVEDO, 2014).
First the definition: "psychiatric emergency is any situation of psychiatric nature in which there is a significant risk (of death or serious injury) to the patient or to third parties, demanding immediate therapeutic intervention" (QUEVEDO, 2014).

Nesse contexto, quem procura mais o serviço? Há uma mudança epidemiológica com o passar do tempo e claro considerando a região analisada: Warner e Peadbody (1995) acreditam que os que mais procuram são os transtornos depressivos, transtornos afetivos bipolares e transtornos relacionados ao abuso de substâncias psicoativas. Entretanto, Seguel e col. (1993) afirmam que a maior parte da demanda no serviço de emergência psiquiátrica consiste em distúrbios de ansiedade (57,6%). Em 2000, um estudo com pacientes atendidos no Serviço de Emergências Psiquiátricas de Ribeirão Preto revela que o episódio depressivo contribui com apenas 10,9% das procuras na emergência psiquiátrica. Já na emergência do Hospital Universitário de Santa Maria (SEP/HUSM), de 2010 a 2011, os diagnósticos mais comuns foram os transtornos de humor (39,6%), sendo 17% Transtorno Depressivo.
In this context, who seeks more the service? There is an epidemiological change over time and considering the region analyzed: Warner and Peadbody (1995) believe that those who seek more are depressive disorders, bipolar affective disorders and psychoactive substance abuse disorders. However, Seguel et al. (1993) state that most of the demand in the psychiatric emergency service consists of anxiety disorders (57.6%). In 2000, a study with patients attended at the Psychiatric Emergency Service of Ribeirão Preto reveals that the depressive episode contributes only by 10.9% of the searches in the psychiatric emergency. Already in the emergency of the University Hospital of Santa Maria (SEP / HUSM), from 2010 to 2011, the most common diagnoses were mood disorders (39.6%), 17% being Depressive Disorder.

E o que leva um paciente a procurar a emergência psiquiátrica? Agitação psicomotora ou comportamento agressivo (23,9%), tentativa ou ideação suicida (15,7%) e ainda o desejo de tratamento ou internação (10,8%). Dentre estes, quando lidamos com pacientes portadores de Transtorno Depressivo, “tentativa ou ideação suicida” lidera a queixa principal no serviço de emergência, sendo também um forte critério para internação hospitalar. Inclusive, o diagnóstico de transtorno do humor, dentro do qual se insere o Transtorno Depressivo, pode ser feito entre 20,8% e 35,8% dos suicídios fatais.
And what takes a patient to look for help in the psychiatric emergency? Psychomotor agitation or aggressive behavior (23,9%), suicide attempt or ideation (15,7%) and also the wish of treatment or hospitalization (10,8%). Between those, when we deal with patients with Depressive Disorder, suicide attempt or ideation” is the leading cause for going to the emergency department, being also being a strong criteria for hospitalization. Moreover, the diagnosis of mood disorder, in which is Depressive Disorder, can be made between 20,8% and 35,8% of fatal suicides.



Na admissão da emergência, podemos lidar com um alguém após tentativa de suicídio, agora fragilizado e em franca depressão, ou mesmo com familiares preocupados com a situação mental na qual se encontra o paciente que deseja morrer. Além do sofrimento pessoal, encontramos necessidades frustradas ou não satisfeitas, sentimentos de desesperança, desamparo e impotência, um estresse insuportável, um estreitamento nas opções percebidas pelo paciente e um desejo de fuga. Entender o contexto do seu paciente ao adentrar na emergência é o primeiro passo para ajudá-lo.
At the admission of emergency, we can deal with someone after suicide attempt, now weakened and in frank depression, or even with family members concerned about the mental situation in which the patient wishes to die. In addition to personal suffering, we find frustrated or unsatisfied needs, feelings of hopelessness, helplessness, unbearable stress, a narrowing in the options perceived by the patient, and a desire for escape. Understanding the context of your patient when entering the emergency room is the first step to help them.

E sobre o suicídio? O último registro da OMS de 2014 revela, no Brasil, uma equivalência em idade, mas uma proporção maior de homens que cometem suicídio, enquanto mulheres lideram as tentativas de suicídio.
What about suicide? The last WHO registry in 2014 reveals an equivalence in age in Brazil, but a greater proportion of men who commit suicide, while women lead suicide attempts.


E o que fazer diante de uma “ideação suicida”? Nós precisamos quebrar o “tabu” de falar sobre morte e sempre abordar o paciente acerca de seus pensamentos suicidas. Ele tem o desejo de morrer? Já planejou como fazê-lo? Tem data? Quanto mais detalhado e bem elaborado for o plano, mais grave é o paciente. Às vezes o paciente ainda está na ambivalência e esse é o melhor momento do profissional agir para ressaltar a vontade de viver.
And what to do in case of a "suicidal thoughts"? We need to break the "taboo" of talking about death and always approach the patient about his suicidal thoughts. Does he have the desire to die? Have they planned how to do it? Do they have a date? The more detailed and well-designed the plan is, the more serious the patient is. Sometimes the patient is still in ambivalence and this is the best moment for the professional to act to emphasize the will to live.

Ou será que estou diante de uma “tentativa de suicídio”? Nesse caso, se deve explorar as razões que o levaram a tal desfecho, se foi a primeira tentativa (o maior fator de risco para suicídio é tentativas anteriores), se foi algo guiado por impulso ou planejado, se possui algum distúrbio mental e se está sendo tratado, mas principalmente se possui apoio familiar. Sempre se deve avaliar transtorno bipolar antes de iniciar tratamento com antidepressivo e provocar uma “virada maníaca” que novamente colocará sua vida em risco. A maneira de tentar reverter este quadro envolve reduzir a dor psicológica modificando o ambiente estressante, construir um apoio realista (reconhecendo que o paciente pode ter uma queixa legítima), e oferecer alternativas para o suicídio. Às vezes é necessária a internação do paciente em unidade psiquiátrica até estabilização do quadro, exceto quando a família puder manter apoio, vigilância, esconder objetos pérfuro-cortantes, cordas e remédios o acompanhamento pode ser feito ambulatorialmente.
Or am I facing a "suicide attempt"? Ask if this is the first attempt (the greatest risk factor for suicide is past attempts), whether it was something driven or planned, if they have any mental disorder and they are being treated, but especially if they have family support. You should always evaluate bipolar disorder before starting antidepressant treatment and cause a “switching” that will again put their lives at risk. Reversing this picture involves reducing psychological pain by modifying the stressful environment, building realistic support (recognizing that the patient may have a legitimate complaint), and offering alternatives to suicide. Sometimes the patient is hospitalized in a psychiatric unit until stabilization of the picture, except when the family can maintain support, vigilance, hiding sharp objects, ropes and medication, the follow-up can be done in an outpatient setting.

Por fim, nunca esqueça que um paciente em depressão que lhe procura na emergência precisa principalmente de alguém que o escute, e não de um benzodiazepínico.
Lastly, never forget that a depressed patient who is looking for you in the emergency primarily needs to be listen, not a benzodiazepine.

Na próxima semana, dia 13/03/2017, teremos a postagem de Patrícia Fraga Paiva sobre “Obesidade, sedentarismo e diabetes: estão relacionados a um aumento dos índices de depressão?”
Next week, 03/13/2017, we will have the post of Patrícia Fraga Paiva about "Obesity, sedentarism and diabetes: are they related to an increase of the indices of depression?".

O blog “AAC - Cheers!” brinda pela sua saúde e visita!
The blog "AAC - Cheers!" toasts for your health and visit!


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