quinta-feira, 24 de agosto de 2017

Síndrome Coronariana Aguda



Escrito por Sávio Vinícius Rodrigues Carvalho
Acadêmico de Medicina e Associado da AAC





A dor torácica é um dos sinais mais importantes para o diagnóstico das Síndromes Coronarianas Agudas (SCA). Cerca de 5 milhões de pessoas no mundo são admitidos com suspeita de SCA, sendo que a principal causa de óbito no mundo está relacionada à doença arterial coronariana. Cerca de 2-10% dos infartos agudos do miocárdio não são diagnosticados, com isso, a maioria das mortes ocorre nas primeiras horas de manifestação da enfermidade: 40 a 65% na primeira hora e 80% nas primeiras 24 horas. Dessa forma, se faz necessário um atendimento rápido e eficaz, sendo assim necessário o entendimento de alguns conceitos sobre o assunto.


O coração, assim como os outros órgãos do corpo, recebe irrigação e suporte sanguíneo, necessário para a manutenção das suas atividades. Essa nutrição é feita por artérias coronárias, que dependendo da sua disposição, recebem nome próprio como artéria coronária direita ou esquerda. Dessa forma, quando algum evento dificulta a nutrição e passagem de sangue por essas artérias leva ao processor de isquemia miocárdica (IM). Com isso a diminuição da oferta de oxigênio ao miocárdio pode ser causada por alguns fatores como: 

1. Redução do lúmen coronariano
Dificulta a passagem aumentando a resistência ao fluxo sanguíneo. Pode ser provocado por espasmos, trombose, embolia, dissecação, mas principalmente pela aterosclerose coronária (AC). Essa por sua vez, se mostra presente em mais de 90% dos casos de IM e se desenvolve durante anos até que obstrua de forma significativa a luz do vaso. Com isso fatores como tabagismo, etilismo, portador de doenças crônicas, histórico familiar pode levar ao aparecimento da doença.

2. Distúrbios no sistema de transporte de O2
Pode estar relacionado a hipotensão arterial sistêmica, anemia, no qual dificulta a chegada de sangue ao miocárdio.

3. Aumento do consumo de oxigênio 
O trabalho em excesso do músculo cardíaco e consequentemente a exigência de um maior aporte de sangue, pode levar a sinais de IM. Atrelado a isso, uma diminuição do tempo de diástole que é exatamente o período de maior perfusão miocárdica, se repercute em um possível evento de IM.

4. Cardiopatias congênitas
Má formações que consequentemente culminam em eventos de IM.

A anamnese e exame físico são ferramentas cruciais no diagnóstico e verificação do desconforto ou dor torácica propriamente dita. Com isso, definiremos os dois principais grupos de doença coronária crônica, angina estável e síndromes coronárias agudas.

ANGINA ESTÁVEL:


Angina nada mais é do que uma síndrome clínica caracterizada por dor ou desconforto em quaisquer das seguintes regiões: tórax, epigástrio, mandíbula, ombro, dorso ou membros superiores. Quando caracterizada como angina estável é evidenciada por episódios de dor relacionados a exercício físico, ou seja, o desconforto advém de uma maior necessidade de oxigênio. Os episódios geralmente variam de 2 a 15 minutos, mas não superam os 20 minutos e mantêm-se inalterados por períodos superiores a 30 dias. Geralmente se há uma oclusão aterosclerótica em mais de 50% da luz do vaso, e é aliviado com uso de nitratos. A dor torácica avaliada na angina estável pode ser classificada clinicamente em angina típica, atípica ou em equivalente anginoso. 

A angina típica (AT) pode ser caracterizada por uma dor precordial em opressão, constrictiva ou em aperto que irradia para o membro superior direito ou mandíbula, desencadeada por exercício ou estresse emocional e aliviada com repouso ou uso de nitroglicerina. A angina atípica geralmente se manifesta como uma dor em pontada ou fisgada, mais relacionada a mulheres, idosos, renais crônicos, diabéticos, necessita apenas de dois dos fatores da angina típica para ser classificada como tal. O equivalente anginoso necessita apenas de um dos fatores característicos da AT e pode ser expresso como uma dor fora do tórax ou uma sensação não dolorosa e de mal-estar associado a náuseas e vômitos.

No diagnóstico busca-se a realização de exames que forcem a atividade miocárdica e aumentam a demanda de oxigênio, mas que não sejam tão invasivos já que a mortalidade de pacientes com angina estável é cerca de 1,2 a 2,4% por ano. Logo teste ergométrico com eletrocardiograma de esforço, ecocardiograma com estresse, cintilografia miocárdica com estresse, tomografia, ressonância magnética cardiovascular (RMC) e cineangiocoronariografia (CATE), são alguns dos meios que o profissional de saúde pode utilizar para o diagnóstico, sendo positivo por exemplo se o paciente relatar dor precordial com infra de ST ao ECG.

DOENÇAS CORONARIANAS AGUDAS:

Nesse grupo, se fazem presentes quatro variantes que merecem nossa atenção: angina instável, angina vasoespástica, infarto agudo do miocárdio com supra de ST (IAMCSST) e sem supra de ST (IAMSST). Na angina instável, apresentam-se características como: angina de repouso que geralmente dura mais de 20 minutos, angina de início recente (período inferior a um mês) que limita a atividade, angina crescente, ou seja, maior duração, frequência ou ocorre com menores esforços comparados aos esforços de eventos de angina anteriores. A detecção de espasmos na gênese da angina se torna dificultada, pois são eventos rápidos e transitórios por isso muitas as vezes a angina vasoespástica se confunde com angina instável. Vale salientar que o IAMSSST e a AI apresentam características clínicas muito semelhantes e para sua diferenciação se faz necessário o exame laboratorial, onde o IAMSSST acaba por elevar as enzimas cardíacas já a AI não tem essa característica. Isso ocorre pois no infarto há morte de células do miocáridio, com isso as enzimas são liberadas no plasma e evidenciadas nos exames. Para o IAMCSST, caracterizado por uma obstrução total do lúmen do vaso, se faz necessário uma abordagem rápida de reperfusão miocárdica, não sendo necessário à espera dos resultados laboratoriais. 

Com isso, o Ministério da Saúde desenvolveu um protocolo para diagnóstico rápido de SCA:


Dessa forma, conhecer esses conceitos e aplica-los a realidade da saúde pode evitar inúmeros óbitos e complicações de saúde.

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