quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Principais Cardiomiopatias




Escrito por Antonio Jadson Alves da Costa
Coordenador de Pesquisa da AAC





As cardiomiopatias constituem um grupo de doenças que atingem o músculo cardíaco. Essas patologias podem acometer isoladamente o miocárdio (primárias) ou produzir alterações no tamanho, formato e função do coração devido a doenças sistêmicas (secundárias), tendo, principalmente, origem genética.

As cardiomiopatias primárias, segundo a Classificação Americana, podem ser subdivididas em genéticas, mistas ou adquiridas. As principais patologias de cada subdivisão serão definidas a seguir.

1. Genética:

  • Hipertrófica

É caracterizada pela hipertrofia do ventrículo (imagem 2) sem a presença de doença cardíaca ou sistêmica que explique a alteração muscular do órgão normal (imagem 1). Em cerca de 60% dos casos, sua transmissão é genética autossômica dominante.

Entre suas alterações fisiopatológicas, tem-se: alteração da função diastólica, obstrução na via de saída de ventrículo esquerdo e isquemia miocárdica. Acarretando na história natural da doença: morte súbita cardíaca, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial. Com isso, o paciente apresentará dispneia, dor precordial, síncope e palpitação.


2. Mistas

  • Dilatada

Define-se pela dilatação do ventrículo esquerdo acompanhada com disfunção sistólica, podendo ser associada a dilatação e disfunção do ventrículo direito. Essa dilatação não é causada por doença arterial coronariana, hipertensão ou doença valvar. Constitui a terceira causa de insuficiência cardíaca e a causa mais frequente de transplante cardíaco. Sua etiologia esta relacionada a agentes tóxicos, metabólicos ou infecciosos, além de grande causa genética (30 a 50% dos casos.

Entre as manifestações que o paciente pode apresentar, tem-se: insuficiência cardíaca progressiva, arritmias ventriculares e supraventriculares, anormalidades do sistema de condução, tromboembolismo e morte súbita.


  • Restritiva

Corresponde a rigidez e redução do relaxamento cardíaco devido a uma doença primária ou secundária, causando o comprometimento do enchimento ventricular, reduzindo o volume diastólico final de um ou ambos os ventrículos, causando, assim, disfunção diastólica e função sistólica preservada. Além disso, a dilatação dos átrios e pequena ou nenhuma dilatação ventricular podem estar presentes.

A maioria desse tipo de cardiomiopatia é secundária, podendo ser ocasionada, por exemplo, pela amiloidose, hemocromatose, sarcoidose, esclerodermia e entre outas. Assim, as manifestações clínicas são de acordo com a patologia do paciente.


3. Adquiridas

  • Periparto

Corresponde a uma cardiomiopatia idiopática, sua manifestação clínica inclui insuficiência cardíaca secundária a disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (FEVE menor ou igual a 45%). Esse tipo de cardiomiopatia tem início no último mês de gestação ou até o sexo mês do puerpério em mulheres sem patologias cardiovasculares conhecida.

Entre os fatores de risco para a ocorrência desse tipo de cardiomiopatia, tem-se a idade maior que 30 anos, afrodescendência, gravidez gemelar, história de pré-eclâmpsia, eclampsia, hipertensão pós-parto e uso materno de cocaína.


  • Takotsubo

Corresponde a uma condição reversível que mimetiza uma Síndrome Coronariana Aguda (SCA), em que cerca de 90% dos casos atinge o sexo feminino. Os pacientes com essa síndrome apresentam hipocinesia, acinesia ou discinesia transitória dos segmentos médios do ventrículo esquerdo com ou sem envolvimento apical e anormalidades na movimentação da parede ventricular.



Estudos mostram que um rápido aumento dos níveis séricos de catecolaminas, devido ao estresse emocional e/ou físico, seja o principal mecanismo patogênico. Entre as ações das catecolaminas no miocárdio, tem-se: lesão celular, necrose da banda contração, defeitos da perfusão, alteração do metabolismo celular e efeito inotrópico da epinefrina na estimulação beta-2 pelo caminho Gi.

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quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

As perspectivas da Neurocardiologia



Escrito por Maykon Wanderley Leite Alves da Silva
Secretário/Tesoureiro da AAC






Esta nova área da Fisiologia está sendo, nos últimos anos, muito estudada, com o fito de estabelecer e evidenciar a relação estreita entre o cérebro e o coração do ser humano. A Neurocardiologia é uma ciência promissora, haja vista que colabora no entendimento da forma como as funções cardíacas influenciam as nervosas e vice-versa, o que pode ser um meio promotor para evitar doenças e criar/reorientar terapias para os pacientes.



Nesse sentido, as pesquisas relatam, hodiernamente, o acometimento do cérebro em paralelo à cardiopatia, como a de Takotsubo, que realiza funções semelhantes a uma síndrome coronariana aguda e morte súbita pode ser realizada nesse contexto – já que está intimamente ligada ao sofrimento psíquico, estresse mental e raiva. Dessarte, pessoas com estado de depressão e alterações de personalidade possuem maior risco de serem atingidas por essa síndrome e pela morte súbita. Tudo isso proporciona atividade descontrolada no Sistema Nervoso Autônomo (SNA), com baixa atividade do parassimpático e alta função do simpático, devido à sua ativação. Nessa direção, o elo entre o Sistema Nervoso Central (SNC) e o coração é comprovado, ainda, em análises clínicas de pacientes que possuem problemas neurológicos, como AVC e pressão intracraniana elevada, no quais o eletroencefalograma, método de diagnóstico não invasivo, fornece informações acerca da fisiologia e de processos patológicos, o que explicita anormalidades cardíacas, medidas pelo SNA.

Com tudo isso, analisa-se que os estudos são poucos e recentes, porquanto é uma nova abordagem na ciência com escassos trabalhos internacionais, sobretudo brasileiros. Mas a evidência da Neurocardiologia é, cada vez mais, exponencial, com impactos no tratamento de doenças cardiovasculares e cerebrovasculares.

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domingo, 21 de janeiro de 2018

HAS mal controlada e suas complicações




Escrito por Yngrid Souza Luz
1ª Secretária/Tesoureira da AAC






A Hipertensão arterial sistêmica é conhecida como fator de risco para lesão de órgãos importantes do nosso corpo, como os rins, olhos, cérebro e coração. Por ser uma doença assintomática, silenciosa, a HAS apresenta um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo. A HAS é uma doença crônica, cujo controle é essencial para a prevenção de complicações relacionados à morbidade e à mortalidade por doenças cardiovasculares, cerebrais, renais e entre outras doença associadas.


A HAS quando não controlada, a longo prazo, pode levar uma série de complicações, como a aterosclerose que é o acumulo de gorduras, colesterol e outras substâncias nas paredes das artérias e dentro delas, calcificando-as e as deixando frágeis, o que restringe o fluxo de sangue, ou possibilita a formação de coágulos, facilitando ataques do coração, ou AVCs.



Além disso, os bloqueios vasculares relacionados com a arteriosclerose nas veias pélvicas e nas pernas podem lesar a retina ocular (retinopatia relacionada com a hipertensão) o que, à longo prazo, causa transtornos na visão. 

Quando há problemas nas veias menores, representando uma parte do sistema de filtração dos rins, este órgão também pode ser afetado, agravando com doenças associadas.



Os profissionais de saúde são de grande relevância no controle da HAS, quer na definição do diagnóstico clínico e da conduta terapêutica, como também na disseminação de informações e na pratica de educar o paciente hipertenso para seguir o tratamento, ajudando assim no controle da HAS. 

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sábado, 20 de janeiro de 2018

Panorama da Ação Social





Escrito por Caroline Sbardellotto Cagliari 
Vice-presidente da AAC






Em 2017, foi criado no site da Associação Acadêmica de Cardiologia uma seção especial para Homenagens. Nela, são postadas opiniões variadas de cada participante da Diretoria da AAC, ficando em 2017 a cargo da Diretoria Fundadora. A ideia foi desenvolvida e iniciada com a Homenagem ao Dia Mundial do Coração, e será repassada ao Blog AAC – Cheers! um panorama de sua ação, quando os diretores fundadores apresentaram 19 dicas do que faz bem ao coração.




A presidente, Camylla Santos de Souza, destacou a importância das emoções positivas para a prevenção das doenças físicas e mentais, com enfoque nas cardiopatias. Cita a existência de estudos sobre a relação entre as emoções e o desenvolvimento de patologias, e descreve fatos sobre sua influência sobre os níveis de colesterol, hipertensão e doenças coronárias. Destaca nesses a presença de pesquisas acerca das emoções positivas, tendo sido demonstrada sua influência sobre os níveis nocivos de estresse, ansiedade e depressão.

Eu, Caroline Sbardellotto Cagliari, vice-presidente da AAC, trouxe informações sobre o porquê dançar é benéfico ao coração, uma vez que a dança permite a atividade de diferentes músculos do corpo, com a liberação de neurotransmissores benéficos à saúde mental e ativação da circulação, melhorando a capacidade cardíaca e pulmonar. Destaco o fato de o coração, como órgão, dançar em ritmo único ao bombear sangue para o corpo. Além disso, dançar promove aumento da massa magra corporal, com redução do LDL. Também permite momento de socialização, permitindo momentos divertidos e assim combatendo a ansiedade e depressão. 

A 1ª secretária/tesoureira Yngrid Souza Luz descreve o bem da realização de atividades físicas. Destacando que sua prática auxilia no controle da hipertensão, dislipidemia, diabetes e osteoporose, além de ter ação positiva contra o estresse e a ansiedade. 

A 2ª secretária/tesoureira, Vitória Mikaelly da Silva Gomes, descreve como a Espiritualidade faz bem ao coração, descrevendo que, independente da religião praticada por uma pessoa, a fé age nos seres humanos levando a menos sentimentos negativos e mais efeitos positivos, destacando a redução de óbitos por causas cardiovasculares diante da presença da espiritualidade. 

Maykon Wanderley Leite Alves da Silva, 3º secretário/tesoureiro, destaca que não fumar é importante à saúde do coração. Relata os efeitos nocivos do tabagismo, levando à diminuição da expectativa de vida e ao desenvolvimento de graves doenças como o câncer de pulmão.

Do mesmo modo, todos os diretores destacaram suas opiniões versando sobre diferentes atitudes que fazem bem ao coração, como não se estressar (Gustavo Adolfo Kuiriyama Massari), dormir (José Mateus Souza Ribeiro), ter higiene bucal (Juliana Lobato Flores), ouvir e praticar música (Ivan Lucas Picone Borges dos Anjos), usufruir da arte (Sthefania Sad Silva Ferreira Rodrigues Fruet), controlar o peso (Patrícia Fraga Paiva), diminuir o sal (Thiago Guimarães Teixeira), ensinar (Jonathan Augusto Venceslau Lima), ler (Patrícia Pampuri Lopes Peres), ser voluntário (Bianca Alves de Miranda), viajar (Marcelo dos Santos Cruz Júnior), seguir dieta cardioprotetora (Eduardo Rodrigues Mota), praticar pet-terapia (Isabela Corrêa Cavalcanti Sá) e realizar avaliação cardiológica (Lívia Liberata Barbosa Bandeira).

Outras homenagens serão no decorrer do ano postadas na seção de homenagens do site da AAC! Venha conferir!

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domingo, 14 de janeiro de 2018

Os efeitos cardiotóxicos dos quimioterápicos nos sobreviventes de câncer




Escrito por Patrícia Fraga Paiva
Coordenadora de Extensão da AAC






As inovações tecnológicas na abordagem da terapêutica oncológica proporcionou, além do incremento na sobrevivência, o aumento da mortalidade devido aos efeitos secundários da mesma. As doenças cardiovasculares (DCV) constituem as consequências mais frequentes do tratamento, podendo culminar em morte prematura, resultado da cardiotoxicidade dos quimioterápicos sobre a função e estrutura cardíaca, além de acelerar as complicações das DCV pré-existentes.

A cardiotoxicidade será mensurada e quantificada a partir do cálculo da Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) e poderá apresentar-se nas formas agudas, subaguda ou crônica.

Os variados agentes antineoplásicos (antimetabólitos, antraciclinas e agentes biológicos, hormonais, alquilantes e antimicrotúbulos), utilizados na abordagem dos diferentes tipos de câncer têm potencial cardiotóxico reversível e/ou reversível, dependendo da droga, no entanto têm o potencial de causar disfunção eletrofisiológica e estrutural do miocárdio, comprometendo a circulação e perfusão sistêmica.


A progressão e o grau de cardiotoxicidade são maiores em mulheres jovens, em que a administração intravenosa foi rápida e cumulativa, com irradiação mediastínica, doenças cardiovasculares prévias, distúrbios eletrolíticos e predisposição genética. Complicações letais podem surgir até 40 anos após o tratamento do câncer primário. A radioterapia torácica pode causar complicações cardíacas em 20 anos após o evento.

A avaliação inicial dos pacientes que serão submetidos à quimioterapia com potencial cardiotóxico visa excluir os pacientes com evidências clínicas, laboratorial e radiológica de ICC antes do início do tratamento e identificar aqueles que já apresentam redução da FEVE, associada aos sintomas ou não. É fundamental diagnosticar IC para evitar piora na qualidade de vida e aumento do risco de mortalidade. A avaliação cardiológica inicial contempla a realização de anamnese, exame físico, eletrocardiograma de 12 derivações em repouso e avaliação função ventricular esquerda pelo ecocardiograma.

O monitoramento de manifestações clínicas precoces de IC por toxicidade é aspecto fundamental para o manejo. A toxicidade pode se manifestar após vários anos de conclusão da terapêutica, desta forma, faz-se necessário o acompanhamento e avaliação de sintomas inespecíficos como cansaço, fadiga.


Atualmente, com os fármacos utilizados para IC e avanços diagnósticos, tornou-se possível identificar as fases mais precoces e até mesmo proporcionar melhora da função ventricular, mesmo quando já está instalada. As drogas que mudaram o prognóstico de pacientes com IC são que atuam no processo de remodelamento, proporcionando melhora de função e redução dos diâmetros ventriculares. Nesse contexto, os inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA), bloqueadores de receptores AT2, beta-bloqueadores e bloqueadores da aldosterona são drogas de primeira linha para o tratamento da IC, independentemente da etiologia.

O dexrazoxane, única droga certificada para prevenção da cardiotoxidade induzida pelas Antraciclinas, tem utilização controversa devido ao comprometimento da eficácia do tratamento e aumento de neoplasias secundárias, tendo seu uso restrito pela FDA em adultos. No entanto, o tratamento com ß-bloqueadores e os inibidores da enzima conversora de angiotensina diminuem a probabilidade de cardiotoxidade secundária.

A incapacidade de prever o desenrolar do processo neoplásico maligno, associada ao diagnóstico de DVC como efeitos secundários ao processo quimioterápico, pode resultar em interrupção equivocada de uma intervenção que salvaria a vida do paciente. A abordagem requer atuação multidisciplinar a fim de proporcionar assistência em saúde na sua amplitude máxima, visando o bem-estar do paciente.

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