As cardiomiopatias constituem um grupo de doenças que atingem o músculo cardíaco. Essas patologias podem acometer isoladamente o miocárdio (primárias) ou produzir alterações no tamanho, formato e função do coração devido a doenças sistêmicas (secundárias), tendo, principalmente, origem genética.
As cardiomiopatias primárias, segundo a Classificação Americana, podem ser subdivididas em genéticas, mistas ou adquiridas. As principais patologias de cada subdivisão serão definidas a seguir.
1. Genética:
- Hipertrófica
É caracterizada pela hipertrofia do ventrículo (imagem 2) sem a presença de doença cardíaca ou sistêmica que explique a alteração muscular do órgão normal (imagem 1). Em cerca de 60% dos casos, sua transmissão é genética autossômica dominante.
Entre suas alterações fisiopatológicas, tem-se: alteração da função diastólica, obstrução na via de saída de ventrículo esquerdo e isquemia miocárdica. Acarretando na história natural da doença: morte súbita cardíaca, insuficiência cardíaca e fibrilação atrial. Com isso, o paciente apresentará dispneia, dor precordial, síncope e palpitação.
2. Mistas
- Dilatada
Define-se pela dilatação do ventrículo esquerdo acompanhada com disfunção sistólica, podendo ser associada a dilatação e disfunção do ventrículo direito. Essa dilatação não é causada por doença arterial coronariana, hipertensão ou doença valvar. Constitui a terceira causa de insuficiência cardíaca e a causa mais frequente de transplante cardíaco. Sua etiologia esta relacionada a agentes tóxicos, metabólicos ou infecciosos, além de grande causa genética (30 a 50% dos casos.
Entre as manifestações que o paciente pode apresentar, tem-se: insuficiência cardíaca progressiva, arritmias ventriculares e supraventriculares, anormalidades do sistema de condução, tromboembolismo e morte súbita.
- Restritiva
Corresponde a rigidez e redução do relaxamento cardíaco devido a uma doença primária ou secundária, causando o comprometimento do enchimento ventricular, reduzindo o volume diastólico final de um ou ambos os ventrículos, causando, assim, disfunção diastólica e função sistólica preservada. Além disso, a dilatação dos átrios e pequena ou nenhuma dilatação ventricular podem estar presentes.
A maioria desse tipo de cardiomiopatia é secundária, podendo ser ocasionada, por exemplo, pela amiloidose, hemocromatose, sarcoidose, esclerodermia e entre outas. Assim, as manifestações clínicas são de acordo com a patologia do paciente.
3. Adquiridas
- Periparto
Corresponde a uma cardiomiopatia idiopática, sua manifestação clínica inclui insuficiência cardíaca secundária a disfunção sistólica do ventrículo esquerdo (FEVE menor ou igual a 45%). Esse tipo de cardiomiopatia tem início no último mês de gestação ou até o sexo mês do puerpério em mulheres sem patologias cardiovasculares conhecida.
Entre os fatores de risco para a ocorrência desse tipo de cardiomiopatia, tem-se a idade maior que 30 anos, afrodescendência, gravidez gemelar, história de pré-eclâmpsia, eclampsia, hipertensão pós-parto e uso materno de cocaína.
- Takotsubo
Corresponde a uma condição reversível que mimetiza uma Síndrome Coronariana Aguda (SCA), em que cerca de 90% dos casos atinge o sexo feminino. Os pacientes com essa síndrome apresentam hipocinesia, acinesia ou discinesia transitória dos segmentos médios do ventrículo esquerdo com ou sem envolvimento apical e anormalidades na movimentação da parede ventricular.
Estudos mostram que um rápido aumento dos níveis séricos de catecolaminas, devido ao estresse emocional e/ou físico, seja o principal mecanismo patogênico. Entre as ações das catecolaminas no miocárdio, tem-se: lesão celular, necrose da banda contração, defeitos da perfusão, alteração do metabolismo celular e efeito inotrópico da epinefrina na estimulação beta-2 pelo caminho Gi.
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