I’m Larissa Alessandra da Costa Camapum, medical student at FACID/DEVRY, and member of AAC - Academic Association of Cardiology. Today, we’ll talk about depression in children and teenagers.
Os transtornos mentais são doenças crônicas altamente prevalentes no mundo e contribuem para morbidade, incapacitação e mortalidade precoces (Diretrizes para um Modelo de Atenção Integral em Saúde Mental no Brasil, 2014). A depressão é um transtorno do humor grave, que pode ocorrer em todas as faixas etárias, destacando-se o crescente aumento de casos entre jovens e idosos (MIRANDA et al., 2013). Com grande expressividade no cenário mundial, a depressão tem apresentado índices alarmantes nos últimos tempos a qual deve atingir entre 15% e 20% da população mundial, no mínimo uma vez na vida. Considera-se que os sintomas depressivos na infância e na adolescência apresentam natureza duradoura e pervasiva, afetando múltiplas funções e causando significativos danos psicossociais (BARBOSA et al., 2016). Atualmente, os avanços em neurociência têm possibilitado compreender melhor a relação mente-cérebro e criar técnicas de intervenção mais eficientes. Entretanto, muito ainda se tem por conhecer a respeito desse tema que desafia médicos e psicólogos e traz grandes prejuízos pessoais e sociais (TEODORO, 2009).
Mental disorders are chronic diseases that are highly prevalent in the world and contribute to early morbidity, disability and mortality (Guidelines for a Model of Integral Care in Mental Health in Brazil, 2014). Depression is a serious mood disorder, which can occur in all age groups, with a notable increase in cases among young and old (MIRANDA et al., 2013). With great expressiveness on the world stage, depression has presented alarming rates in recent times which should reach between 15% and 20% of the world population, at least once in life. It is considered that depressive symptoms in childhood and teenagers are enduring and pervasive in nature, affecting multiple functions and causing significant psychosocial damages (BARBOSA et al., 2016). Currently, advances in neuroscience have made it possible to better understand the mind-brain relationship and to create more efficient intervention techniques. However, much remains to be known about this issue that challenges physicians and psychologists and brings great personal and social harm (TEODORO, 2009).
DEPRESSÃO EM CRIANÇAS
DEPRESSION IN CHILDREN
Somente a partir da década de 70 a depressão infantil veio a ser reconhecida, pois até essa época estudiosos pensavam não existir este transtorno em crianças e adolescentes (COLAVITE et al., 2013) e as primeiras tendências de conceituar depressão infantil foram realizadas sob um ponto de vista psicanalítico, buscando a compreensão da psicodinâmica de pessoas deprimidas (MIRANDA et al., 2013).
It was not until the 1970s that children's depression came to be recognized, since until that time researchers thought that this disorder did not exist in children and teenagers (COLAVITE et al., 2013) and the first tendencies to conceptualize infant depression were carried out under one point of psychoanalytic view, seeking the understanding of the psychodynamics of depressed people (MIRANDA et al., 2013).
A depressão infantil tem sido um transtorno bastante pesquisado nos dias atuais, ao contrário do que acontecia há mais de 30 anos quando era uma doença considerada característica dos adultos. Atualmente, já não se tem mais dúvida de que esta patologia afeta também as crianças, podendo interferir no seu processo de desenvolvimento e são várias as causas para esta doença, entre elas destacam-se os problemas familiares, onde a criança não se sente amada e protegida, passando do isolamento à queda no rendimento escolar (MIRANDA et al., 2013).
Childhood depression has been a much search after disorder in the present days, unlike what happened more than 30 years ago when it was a disease considered characteristic of adults. Currently, there is no longer any doubt that this pathology also affects children, which may interfere with their development process, and there are several causes for this disease, among them the family problems, where the child does not feel loved and from isolation to drop in school performance (MIRANDA et al., 2013).
Apesar dos estudos e esforços dos pesquisadores para caracterizar a depressão infantil como uma patologia que afeta o desenvolvimento da criança, ainda existem muitas controvérsias a respeito da doença, principalmente quanto aos critérios de diagnóstico (MIRANDA et al., 2013). Porém, DSM-5 (2014) colocou que a depressão infantil apresenta-se de forma semelhante à depressão no adulto, pois os mesmos critérios para avaliar a patologia no adulto são utilizados para diagnosticar o transtorno na criança.
Despite the studies and efforts of researchers to characterize childhood depression as a pathology that affects the child's development, there are still many controversies about the disease, especially regarding diagnostic criteria (MIRANDA et al., 2013). However, DSM-5 (2014) stated that childhood depression is similar to adult depression, since the same criteria for assessing adult pathology are used to diagnose the disorder in children.
De acordo com este manual, caracteriza-se como sintomas de depressão: perda de interesse ou prazer, humor deprimido, alterações de apetite e peso, insônia ou hipersonia, fadiga, sentimentos de culpa e inutilidade, dificuldade para se concentrar, falta de energia, pensamentos recorrentes de morte ou tentativas de suicídio.
According to this manual, it is characterized as symptoms of depression: loss of interest or pleasure, depressed mood, changes in appetite and weight, insomnia or hypersomnia, fatigue, feelings of guilt and worthlessness, difficulty concentrating, recurrent thoughts of death or suicide attempts.
A depressão infantil pode ser desencadeada por fatores biológicos, uma vez que a patologia está associada a alterações químicas no cérebro, e estas são influenciadas por fatores genéticos, sociais e psicológicos. Porém, a depressão pode estar relacionada a fatores externos, como o estresse ou as perdas vivenciadas pela criança. Esses fatores são conhecidos como efeito gatilho (SILVA & LACERDA, 2014). Salienta-se que por vezes a depressão pode, equivocadamente, ser nomeada de Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade (TDAH), transtorno de aprendizagem ou transtorno de conduta (ABRAMOVITCH & ARAGÃO, 2011).
Childhood depression can be triggered by biological factors, since the pathology is associated with chemical changes in the brain, and these are influenced by genetic, social and psychological factors. However, depression may be related to external factors, such as stress or loss experienced by the child in the life. These factors are known as triggers effects (SILVA & LACERDA, 2014). It should be noted that sometimes depression can be mistakenly named Attention Deficit Hyperactivity Disorder (ADHD), learning disorder or conduct disorder (ABRAMOVITCH & ARAGÃO, 2011).
Ressalta-se a evidência que o contexto familiar é quem fornece a base para a construção da personalidade do sujeito, proporcionando-lhe as primeiras experiências de aprendizagem e dando-lhe condições necessárias para seu crescimento. Portanto, um funcionamento familiar saudável, permeado pelo bom vínculo afetivo, boa comunicação entre os integrantes e coesão familiar configuram-se como fatores de proteção contra o surgimento de distúrbios emocionais (GREINERT et al., 2016).
It is highlighted the evidence that the family context is the one that provides the basis for the construction of the personality of the subject, providing him with the first experiences of learning and giving him the necessary conditions for his growth. Therefore, a healthy family functioning, permeated by a good affective bond, good communication between the members and family cohesion, are configured as protective factors against the onset of emotional disturbances (GREINERT et al., 2016).
Em relação ao tratamento de depressão infantil, há diferença de tratamento para depressão mais leve e severa, pois no caso das leves são realizados encontros regulares com a criança e seus pais, visando ofertar suporte para avaliar o estresse e melhorar o humor.
Regarding the treatment of childhood depression, there is a difference in treatment for milder and more severe depression, because in the case of the mild, are meeting regular meetings with the child and his parents, in order to offer support to assess stress and improve mood.
DEPRESSÃO EM ADOLESCENTES
DEPRESSION IN TEENAGERS
A prevalência de Transtorno Depressivo Maior (TDM) no estudo colocado por Fleming & Offord, em 1990, na população geral, apresentava-se em pré-púberes em torno de 2% (1%-3%) e, em adolescentes, de 6%. Atualmente, sabe-se que a prevalência de problemas emocionais e de conduta é em torno de 10% a 20%, constituindo uma carga de doença expressiva, com prejuízo na vida escolar e nas relações familiares e sociais de crianças e adolescentes (BELFER, 2008).
The prevalence of Major Depressive Disorder (MDD) in the study by Fleming & Offord in 1990 in the general population presented in pre-teenagers around 2% (1% -3%) and in teenagers 6 %. Currently, it is known that the prevalence of emotional and behavioral problems is around 10% to 20%, representing an expressive burden of disease, with impairment in school life and in the family and social relationships of children and teenagers (BELFER, 2008).
Estudo sobre a carga global de doenças em adolescentes e jovens entre 10 e 24 anos mostrou que, mundialmente, as três principais causas de anos de vida perdidos por incapacidade nessa faixa etária são, respectivamente, os transtornos neuropsiquiátricos (45,0%), as lesões não intencionais (12,0%) e as doenças infecciosas e parasitárias (10,0%) (GORE et al., 2011).
A study of the global burden of diseases in teenagers and young people between 10 and 24 years of age showed that, worldwide, the three main causes of years of life lost due to disability in this age group are, respectively, neuropsychiatric disorders (45.0%), unintentional injuries (12.0%) and infectious and parasitic diseases (10.0%) (GORE et al., 2011).
Dados epidemiológicos revelam taxas de prevalência da depressão em adolescentes entre 3% a 9% e uma prevalência cumulativa de 20% até o final da adolescência, com uma taxa de recorrência de 60-70% (CALLAHAN et al., 2012). Verifica-se uma discrepante predominância no gênero feminino, com episódios mais duradouros e com maior risco de cronicidade (NOCK et al., 2013).
Epidemiological data reveal prevalence rates of depression in teenagers between 3% and 9% and a cumulative prevalence of 20% until late teenagers, with a recurrence rate of 60-70% (CALLAHAN et al., 2012). There is a discrepant predominance in the female gender, with longer lasting episodes and a higher risk of chronicity (NOCK et al., 2013).
O trabalho de Reppold et al., realizado em 2016 mostra que, no Brasil, os principais instrumentos para avaliação do humor deprimido entre amostras juvenis são o Inventário de Depressão Infantil, adaptado para amostras adolescentes por Reppold e Hutz (2003); Escalas Beck de Depressão, Desesperança e Ideação Suicida (Cunha, 2001), indicadas para uso clínico em pacientes a partir dos 17 anos de idade; e Escala Baptista de Depressão Infanto-Juvenil (Baptista & Cremasco, 2013), composta por 50 itens que objetivam avaliar os sintomas depressivos em crianças e adolescentes, por meio de escala do tipo Likert, de zero a dois.
The work of Reppold et al., carried out in 2016 shows that, in Brazil, the main instruments for the evaluation of depressed mood among juvenile samples are the Child Depression Inventory, adapted for teenagers by Reppold and Hutz (2003); Beck Scales of Depression, Hopelessness and Suicidal Ideation (Cunha, 2001), indicated for clinical use in patients from 17 years of age; and Childhood Depression Baptista Scale (Baptista & Cremasco, 2013), composed of 50 items that aim to evaluate depressive symptoms in children and teenagers, using a Likert scale, from zero to two.
Em relação à sintomatologia em pré-adolescentes, tem-se a centralização na esfera cognitiva, com ruminações, ideias e impulsos suicidas e sentimentos de inferioridade e opressão. O TDM em pré-puberes apresenta-se com prevalência de queixas somáticas. A lentificação psíquica e motora podem estar presentes. A ação e a expressão estão alteradas, inibidas, e suas repercussões são notadas na indiferença, no desinteresse pela rotina, como nas atividades escolares e brincadeiras – isolamento e evitação dos colegas (ABRAMOVITCH & ARAGÃO, 2011).
Regarding the symptoms in pre-adolescents, we have the centralization in the cognitive sphere, with ruminations, ideas and suicidal impulses and feelings of inferiority and oppression. The MDD in pre-teenagers presents with somatic complaints prevalence. Psychic and motor slowing may be present. Action and expression are altered, inhibited, and their repercussions are noted in indifference, in disinterest in routine, as in school activities and games - isolation and avoidance of peers (ABRAMOVITCH & ARAGÃO, 2011).
Já o TDM na adolescência surge com anedonia, desesperança, culpas, lentificação psicomotora, podendo apresentar delírios e alucinações. O comportamento é negativista, antissocial, com culpas e recusa de sair de casa e, frequentemente, está associado ao abuso de álcool e de outras substâncias. Podem surgir tentativas de suicídio e a vigilância deve ser redobrada (ABRAMOVITCH & ARAGÃO, 2011).
On the other hand, MDD in teenagers appears with anecdotal, hopelessness, guilt, psychomotor retardation, and may present delusions and hallucinations. Behavior is negativistic, antisocial, blaming and refusing to leave home and is often associated with abuse of alcohol and other substances. Suicide attempts may arise and surveillance should be doubled (ABRAMOVITCH & ARAGÃO, 2011).
A taxa de recidiva de episódios de depressão é alta, variando de 50% a 80%, num período entre quatro e seis anos (FLECK et al., 2003; BLASCO, LEVITES, & MONACO, 2012). Nesse sentido, é imprescindível que os clínicos disponham de instrumentos válidos e fidedignos para a avaliação de sintomas clínicos, como os já citados anterioremente (REPPOLD et al., 2016).
The rate of recurrence of episodes of depression is high, varying from 50% to 80%, in a period between four and six years (FLATCH ET AL., 2003; BLASCO ET AL., 2002). In this sense, it is essential that clinicians have valid and reliable instruments for the evaluation of clinical symptoms, such as those already mentioned previously (REPPOLD et al., 2016).
O tratamento ideal para o transtorno depressivo é abrangente, uma vez que os sinais e sintomas não se restringem às dimensões biológica ou psicológica (AGUIAR et al., 2011). O tratamento medicamentoso, bem como o psicoterápico, pode ser mais assertivo, reduzindo também o impacto social que a depressão acarreta, na capacidade individual e no desgaste emocional e financeiro que acomete aqueles que circundam o doente (ROCHA et al., 2016).
The ideal treatment for the depressive disorder is embracing, since the signs and symptoms are not restricted to the biological or psychological dimensions (AGUIAR et al., 2011). Drug treatment, as well as psychotherapy, can be more assertive, reducing the social impact of depression, individual capacity, and the emotional and financial distress that affects those around the patient (ROCHA et al., 2016).
O estudo de Erse et al. (2016), concluiu que, atendendo à elevada vulnerabilidade dos adolescentes para a depressão e suicídio, é essencial a implementação de programas de prevenção em meio escolar que promovam a deteção precoce da depressão e de comportamentos suicidários e a referenciação para os serviços de saúde mental.
The study by Erse et al. (2016), concluded that, given the high vulnerability of teenagers to depression and suicide, it is essential to implement school-based prevention programs that promote the early detection of depression and suicidal behavior and referral to mental health services.
Na próxima postagem, teremos o texto de Ana Laura da Cruz Luiz sobre Depressão na Terceira Idade.
Next post, we will have the text of Ana Laura da Cruz Luiz about Depression at the Third Age.
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