sábado, 16 de dezembro de 2017

Emoções e Coração





Escrito por Rômulo Nascimento Mundin
Acadêmico de Medicina e Associado da AAC





Historicamente, o coração carrega consigo o simbolismo das emoções. Essa construção social aparece inclusive na linguagem de diferentes sociedades e em diferentes momentos, perpetuando-se até os dias de hoje. Mas o coração é o centro das emoções? As emoções positivas e negativas alteram seu funcionamento?

Sabe-se hoje que o centro da emoção é o sistema límbico, que é formado por estruturas cerebrais. No entanto, muito se tem estudado sobre o comportamento e a relação entre as emoções e o coração. As emoções provocam alterações tanto no Sistema Nervoso Central, quanto na liberação de catecolaminas das adrenais, ambos modulando o funcionamento cardíaco.




Biing-Jun Shen da Universidade de Southern acompanhou 735 homens que estavam expostos cronicamente à ansiedade, raiva e medo durante 12 anos e encontrou como resultado a elevação de 30 a 40% de chance do indivíduo sofrer um infarto agudo do miocárdio.

Outro estudo publicado no Columbia Journal of Affective Disorders mostrou que pacientes coronariopatas deprimidos ou ansiosos apresentam o dobro de possibilidade de sofrer um novo infarto em comparação a cardiopatas não deprimidos ou ansiosos. Foi realizado uma metanálise de 20 estudos, totalizando quase 250 mil pessoas, onde mostrou associação entre ansiedade e desenvolvimento de doença coronariana.

Há inclusive descrita na literatura médica a Síndrome do Coração Partido, que ocorre em pessoas que terminaram um relacionamento afetivo, cursando com precordialgia. Pode ser encontrado cardiomegalia e aumento da proteína-C reativa via Interleucina-6, que são processos aterogênicos.




O médico brasileiro Dr. Marco Aurélio Dias, em entrevista, aponta que as emoções negativas muitas vezes podem ser desencadeadas pelo estresse. E esse estresse provem, em geral, de duas fontes: a família e o trabalho. O indivíduo estressado possui uma ativação basal do sistema nervoso autônomo simpático aumentada, levando à sudorese, taquicardia e tremores, podendo contribuir, a longo prazo, para morte por arritmias e infartos cardíacos.




As emoções negativas, como a tristeza e irritação, cursam com uma vasoconstrição periférica, seguida de aumento da pressão arterial e pressão intracraniana. Já as emoções positivas, como alegria e paixão, cursam com a produção e liberação de serotonina, dopamina e outras endorfinas, provendo maior proteção endotelial e, por conseguinte, a proteção do coração.

Apesar de o coração não ser o centro das emoções, ele sofre influências diretas do estado emocional do indivíduo, sendo importante o reconhecimento disso pelo médico e pelo indivíduo para uma melhor qualidade de vida.


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