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Sou Eduardo Rodrigues Mota, acadêmico de enfermagem na Universidade Federal do Ceará e coordenador multidisciplinar da Associação Acadêmica de Cardiologia – AAC, na gestão fundadora. Hoje falaremos sobre a história da depressão.
I’m Eduardo Rodrigues Mota, nursing student at Federal University of Ceará and multidisciplinary coordinator of the Academic Association of Cardiology - AAC, in its founding management. Today we’ll talk about the history of depression.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2030, a depressão será a maior causa de incapacitação para o trabalho no mundo. No Brasil, estima-se que 18,4% da população sofra de depressão e, segundo o Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), cerca de 48,8% dos trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias do trabalho sofrem com algum transtornos mental, sendo a depressão o principal deles. Isso nos leva a um questionamento: a depressão é de fato uma doença que surgiu nas últimas décadas?
According to the World Health Organization (WHO), in 2030, depression will be the major cause of incapacity for work in the world. In Brazil, it is estimated that 18.4% of the population suffers from depression and, according to the National Social Security Institute (INSS), about 48.8% of workers who leave for more than 15 days at work suffer from some depressive disorder. This leads us to a questioning: is depression really an illness that has arisen in the last decades?
Ao contrário do que se imagina, a depressão não é uma doença pós-moderna, ou mesmo do século XXI, apesar de ser uma patologia cuja incidência teve expressivo aumento nas últimas duas décadas. Ao realizar análises em textos antigos, pode-se notar que já se falava em sintomas parecidos aos da depressão, utilizando-se, porém, outras nomenclaturas.
Contrary to popular belief, depression is not a postmodern disease, or even one of the 21st century, despite being a pathology whose incidence has seen a significant increase in the last two decades. When performing analysis in ancient texts, it may be noted that there was already description of symptoms similar to those of depression, but other nomenclatures were used.
Encontra-se inúmeros textos que descreviam sintomas de “perturbações”, chamadas de melancolia. Etimologicamente, a palavra vem do grego melano chole, significando bílis negra. As primeiras descrições de estados de alteração do humor podem ser encontradas nas escrituras bíblicas e na mitologia. A visão pré-socrática do homem, compartilhada de modo geral por gregos, hebreus, egípcios, babilônios e persas, compreendia o adoecimento físico e mental a partir de uma narrativa mítica e religiosa, atribuindo a uma entidade divina a etiologia de todos os males.
There are numerous texts describing symptoms of "disturbances" called melancholy. Etymologically, the word comes from the Greek Melano Chole, meaning black bile. Early descriptions of states of mood swings can be found in biblical scriptures and mythology. The pre-Socratic view of man, generally shared by Greeks, Hebrews, Egyptians, Babylonians and Persians, comprised physical and mental illness from a mythical and religious narrative, attributing to a divine entity the etiology of all evils.
Há uma divisão didática entre os períodos históricos aplicados para depressão. Estes são:
There is a didactic division between the historical periods applied to depression. These are:
Antiguidade (500 a.C. – 100 d.C.): Os filósofos gregos já identificavam doenças da mente e faziam ligação à disfunções corporais. Eles acreditavam que a depressão era causada pelo excesso de uma substância fria e seca, chamada de bile negra. Depois disso, no século V a.C., Hipócrates já utilizava o termo melancolia para designar a depressão, “uma afecção sem febre, na qual o espírito triste permanece sem razão fixado em uma mesma ideia, constantemente abatido [...]". Ele afirmava que a bile negra em excesso ocasionava estados de tristeza e cansaço, ocasionando a falta de apetite e até o desejo de morte. O excesso da bile negra estaria associado a padrões inadequados de alimentação, e a situações rotineiras de vida errôneas, como trabalho estressante e sedentarismo. Sendo assim, os possíveis tratamentos eram: mudanças na dieta, ginástica, hidroterapia e medicamentos orais, ervas catárticas, eméticas e purgantes destinadas a eliminar o excesso da bile negra.
Antiquity (500 BC - 100 AD): Greek philosophers already identified diseases of the mind and linked to bodily dysfunctions. They believed that depression was caused by the excess of a cold, dry substance, called black bile. After that, in the fifth century BC, Hippocrates already used the term melancholy to designate depression, "a condition without fever, in which the sad spirit remains unreasonably fixed in the same idea, constantly depressed [...]". He claimed that excess black bile caused states of sadness and fatigue, leading to a lack of appetite and even a death wish. The excess of black bile would be associated with inadequate eating patterns and erroneous routine life situations such as stressful work and sedentary lifestyle. Therefore, the possible treatments were: changes in diet, gymnastics, hydrotherapy and oral medications, cathartic herbs, emetics and purgatives to eliminate excess black bile.
Idade Média (450 – 1400 d.C.): Marcada pela ascensão do Cristianismo e do domínio da crença ao Estado, transformou as explicações científicas em misticismo, justificando tudo com o sobrenatural e superstições. Os tratamentos psicofarmacológicos desen-volvidos com o avanço científico-filosófico greco-romano foram sendo cada vez menos usados.
Middle Ages (450 - 1400 AD): Marked by the rise of Christianity and the rule of belief by the state, it turned scientific explanations into mysticism, justifying everything with the supernatural and superstitions. The psychopharmacological treatments developed with the Greco-Roman scientific-philosophical advance were used less and less.
Idade Moderna (séculos XV a XIX): Nesse período, nota-se grande influência do Iluminismo, quando então foram retomados os ideais científico-filosóficos greco-romanos, como os de Aristóteles, Platão e Sócrates. Na Itália, o filósofo Marsilio Ficino foi quem mais discutiu a respeito, afirmando que a ansiedade era a manifestação do anseio humano pelo grande e o eterno e que todo gênio é um melancólico. Já os ingleses diziam que seria o fruto das relações com anjos maus, mas que o indivíduo nesta situação não seria culpado. Até metade do século XVII, nota-se a predominância da teoria dos quatro humores e suas qualidades provindas de um desequilíbrio de “uma substancia fria e seca de temperamento”.
Modern Age (15th-19th centuries): During this period, the influence of the Enlightenment was noted, and Greco-Roman philosophical ideals, such as those of Aristotle, Plato and Socrates, were retaken. In Italy, the philosopher Marsilio Ficino was the one who most discussed it, stating that anxiety was the manifestation of human longing for the great and the eternal and that every genius is a melancholic. On the other hand, the English said that it would be the fruit of relations with evil angels, but that the individual in this situation would not be guilty. Until the mid-seventeenth century the predominance of the theory of the four humors and their qualities from an imbalance of "a cold and dry substance of temperament" was noted.
Idade Contemporânea (século XX até os dias atuais): Período marcado inicialmente pela dualidade de Sigmund Freud (trabalhou com a psicanálise baseada nos princípios psicológicos e escreveu o livro “Luto e Melancolia”) e Ernil Kraepelin (voltado para psiquiatria embasada na neurobiologia, afirmando que toda doença mental tem uma base bioquímica interna). Na década de 80, houve muitos avanços na neurociência; a depressão, então, começa a ser descrita com óticas tão importantes como as das doenças fisiológicas propriamente ditas.
Contemporary Age (twentieth century to present): Period initially marked by the duality of Sigmund Freud (worked with psychoanalysis based on psychological principles and wrote the book "Mourning and Melancholy") and Ernil Kraepelin (aimed at psychiatry based on neurobiology, stating that every mental illness has an internal biochemical basis). In the 1980s, there were many advances in neuroscience; depression, then, begins to be described as a disturbance with optics as important as those of the physiological diseases themselves.
Famosos depressivos:
Ludwig Van Beethoven (1770–1827)
A causa da depressão que atormentava o compositor alemão, um dos maiores gênios musicais da história, era o problema de surdez e os três amores impossíveis que cultivou na vida.
The cause of the depression that plagued the German composer, one of the greatest musical geniuses in history, was his problem of deafness and the three impossible loves he cultivated in life.
Abraham Lincoln (1809–1865)
O 16º presidente dos Estados Unidos se dizia "o homem mais infeliz existente". Entre as causas relacionadas à depressão de Lincoln, segundo seus biógrafos, estão a morte de sua mãe e o casamento conturbado com Mary Todd.
The 16th president of the United States said that he was "the most unhappy man alive". Among the causes related to Lincoln's depression, according to his biographers, were his mother's death and troubled marriage to Mary Todd.
Santos Dumont (1873–1932)
Estudiosos apontam a esclerose múltipla, doença que atingiu o pai da aviação por volta dos 30 anos, e o desgosto por ver sua máquina de sonhos transformada em instrumento de guerra, como os responsáveis pela profunda depressão que o levou a se suicidar. Enforcou-se com uma gravata, em 1932.
Scholars point to multiple sclerosis, a disease that struck the father of aviation at the age of 30, and disgust at seeing his dream machine transformed into an instrument of war as responsible for the deep depression that led him to commit suicide. He hung himself with a tie in 1932.
Winston Churchill (1874–1965)
O temperamento arrogante, impaciente e mal-humorado do primeiro-ministro britânico estava relacionado às suas frequentes crises de depressão, apelidadas por ele de "cachorro negro", sempre em sua companhia. Alguns biógrafos relacionam sua depressão ao fato de não se sentir amado pela família.
The British Prime Minister's arrogant, impatient, and grumpy temperament was related to his frequent bouts of depression, nicknamed by him as a "black dog", always in his company. Some biographers relate their depression to the fact that they do not feel loved by the family.
Kurt Cobain (1967–1994)
Em uma de suas últimas composições, o vocalista da banda de rock Nirvana deixa bem claro sua intenção: "Eu me odeio e quero morrer". Em 1994, o músico suicidou-se com um tiro na boca. A pressão causada pelo sucesso repentino era uma de suas maiores aflições.
In one of his latest compositions, the lead singer of rock band Nirvana, makes clear his intention: "I hate myself and I want to die."In 1994, the musician committed suicide with a shot in the mouth. The pressure of sudden success was one of his greatest afflictions.
Na próxima semana, dia 13/02/2017, teremos o post de Yngrid Souza Luz falando sobre “Como Familiares e Amigos podem ajudar uma pessoa com depressão?”.
Next week, on 02/13/2017, we will have the post of Yngrid Souza Luz talking about "How Family and Friends can help a person with depression?".
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